Editorial: Itaúna quer de fato um imprensa isenta e capaz de ouvir os diferentes lados da notícia?

Bruno Freitas
@viuitauna

As eleições de 2018 apontaram um cenário preocupante para o exercício da imprensa no Brasil. Jornalistas foram atacados e ameaçados, fisicamente e nas redes sociais, por candidatos e militantes, ao desempenhar o seu papel em informar fatos e denúncias de interesse público à população. Confesso que em 18 anos de jornalismo, começando na Tribuna Itaunense, até galgar passos em alguns dos maiores veículos do país, como a Folha, em São Paulo, e o Estado de Minas, em Belo Horizonte, com estudo, esforço e dedicação, nunca vi tantos ataques gratuitos à imprensa. Uma massante onda de ódio, desacreditando sistematicamente um dos pilares fundamentais da democracia.

Quem diria que, passados alguns meses, o atacado agora seria eu, simplesmente por amar, acreditar no ofício e o papel comunitário inserido aqui, em Itaúna. Juntamente com a rádio Santana FM, maior veículo de comunicação de Itaúna, o jornal Folha do Povo e a página de engajamento popular Contraponto, passei a ser atacado, nas redes sociais e até em pleno plenário da Câmara Municipal, por um vereador inconformado em ser notícia como mera consequência de seus atos enquanto parlamentar.

As denúncias de suposta compra de votos realizadas por Iago Souza Santiago, eleito como o humorista Pranchana Jack, às vésperas da nova eleição da Mesa Diretora, nos últimos dias, são gravíssimas e merecem ser devidamente apuradas pela casa, a Justiça, a Polícia e o Ministério Público. O que não dá o direito de o vereador atacar a imprensa por noticiar os fatos e ouvir os outros lados envolvidos na história, como tem ocorrido comigo e o portal @viuituna, o qual administro.

Fui acusado, levianamente, em duas contas do vereador no Facebook e em plenário, de ser “corrupto”, “braço direito de corruptos no município” e fazer “deserviço a população direitinho (sic)” ao ouvir vereadores envolvidos e o próprio Pranchana, como sempre fiz, de forma técnica, equilibrada e isonômica. As acusações e uma ameaça à minha integridade física já foram formalmente protocoladas à Justiça.

Pranchana, já há algum tempo, desde a polêmica gravação do vídeo não autorizado na rede de supermercados Rena e o uso não autorizado do seu carro em um acidente envolvendo dois menores, alega ser perseguido pela imprensa. No caso do carro, fui o primeiro a procurá-lo e divulgar a sua defesa. Como jornalista que cobre semanalmente as reuniões plenárias da Câmara, entendo que Pranchana não é o perseguido. O vereador sim, persegue a notícia, ao se envolver em tantos episódios polêmicos, ofuscando as próprias ações enquanto vereador, cargo o qual também não parece distinguir da figura do humorista ao proferir tantos palavrões e gírias.

O site da plataforma digital @viuitauna, o qual administro, foi lançado há poucos dias e não possui nenhuma verba publicitária, bem como os perfis no Facebook, Instagram e WhatsApp. Como jornalista, jamais recebi quaisquer verba pública publicitária, seja da Câmara Municipal, seja da Prefeitura ou agentes políticos. Também não tenho salário para a função de editor do @viuitauna. Minha receita provém de serviços de assessoria de imprensa de duas marcas multinacionais, reconhecimento o qual obtive após longa trajetória no meio. No tempo livre desempenho o papel como jornalista local, por amor à profissão e o bem comum de Itaúna, comunidade que tanto amo e faço parte.

Diante de tudo, a pergunta que faço aos itaunenses é: Itaúna quer, de fato, um imprensa isenta e capaz de ouvir os diferentes lados da notícia? Ou uma imprensa sujeita aos destemperos e interesses particulares de políticos? Se a resposta for um NÃO à liberdade de imprensa, pego o boné e humildemente encerro minha contribuição enquanto jornalista não remunerado nessa cidade.

FALE COM A COLUNA viuitauna@gmail.com

One thought on “Editorial: Itaúna quer de fato um imprensa isenta e capaz de ouvir os diferentes lados da notícia?

  1. Parabéns Bruno! Concordo com você. A imprensa tem que ser livre e isenta, tanto na política como em qualquer outro assunto. Acho também, papel da imprensa, denunciar e se ater a fatos verídicos e comprovados. Assim teremos uma imprensa verdadeira, que todos queremos.

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