Bruno Freitas
@viuitauna
Apesar da COVID-19 impactar 97% da indústria têxtil no Brasil, a Santanense descarta demissões em Itaúna. Mesmo com a transferência da linha de fios open-end para Campina Grande (PB), a empresa afirma continuar focada na produção de acabamento de tecidos para uniformes, 60% da demanda local, e sustenta que reforçará, em dez dias, as medidas de prevenção à pandemia, com a distribuição de sete mil máscaras aos funcionários. A unidade itaunense opera em três turnos de trabalho.
Maior empregador privado do município, com quadro atual de 1.124 pessoas, e parte do grupo Coteminas, fundado pelo ex vice-presidente José Alencar, a Santanense afastou, como precaução ao novo coronavírus e à queda nas vendas de tecidos para moda, cerca de 50 colaboradores considerados de grupo de risco e outros 113, que tiveram o contrato de trabalho suspensos recebendo bolsa auxílio do governo e ajuda compensatória.
A previsão é de que os trabalhadores afastados permaneçam em casa até o fim de junho, podendo, até lá, realizar cursos de capacitação. O @viuitauna foi recebido nesta segunda-feira (13) pelo Gerente Industrial da empresa em Itaúna, Bruno Alves de Sousa, juntamente com a área de RH, que confirmaram as informações.
De acordo com a Santanense, cerca de 24 funcionários que atuavam na produção de open-end, como é chamado o sistema de produção de fios por rotor, foram alocados na parte de acabamento, aos domingos. A linha de fios filatório de anel foi mantida. No total, a fiação conta com cerca de 105 funcionários e o acabamento, 850, na cidade. Entre os afastados considerados grupo de risco estão gestantes, idosos, portadores de pressão alta e usuários de insulina.
“Ninguém foi demitido na fábrica. Nosso regime de desligamento está normal, por meio de turn-over (rotatividade) médio de cinco funcionários mês”, assegura Sousa.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO Como medidas de enfrentamento ao novo coronavírus, todos os colaboradores que tem contato com público externo e terceiros já trabalham com o uso de máscaras. Além disso, foram instalados pontos de álcool em gel na portaria em toda a fábrica localizada no bairro de Santanense, suspensas as reuniões presenciais e o acesso de terceiros que não sejam de Itaúna. A frota de ônibus de transporte também foi reforçada, para que os funcionários utilizem as poltronas com distanciamento.
“Nossa estratégia foi fortalecer de início os funcionários com maior ponto de contato”, justifica o RH.
A Santanense explica ainda que doou cerca de 6.300 metros de tecido para produção de jalecos hospitalares ao Hospital Manoel Gonçalves. Outros 3 mil metros foram entregues à Irmandade Nossa Senhora da Conceição e ao Hospital Nossa Senhora da Conceição, na vizinha Pará de Minas, onde a empresa mantém unidade fabril, além de Montes Claros, no Norte de Minas.
INCOMFRAL E PERIPAN O @viuitauna também entrou em contato com a Incomfral e a Peripan sobre possíveis demissões em Itaúna. A Incomfral afirmou nesta terça-feira (14) que não comentará o assunto no momento, preferindo aguardar mais definições sobre o cenário atual. A Peripan não retornou os contatos da reportagem. A matéria será atualizada assim que a empresa se pronunciar a respeito.
SAIBA MAIS
Associação estima impactos da pandemia na indústria
Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) entre 225 fabricantes de tecidos e empresas de confecção em todo país, de 16 a 26 de março, aponta que 98% das indústrias do setor foram atingidas com o cancelamento ou adiamento de pedidos, 41% tiveram abastecimento afetado e 28% reclamam de alteração nos custos dos insumos para produção. Apesar da adversidade, 70% informaram não ter obtido alteração nas condições de financiamento para obtenção de crédito bancário. Em meio à pandemia, a ABIT cadastra pela internet empresas que possam fornecer produtos solicitados pelo governo federal para uso em atendimento emergencial.
Matéria atualizada às 14h11 de 14/4/2020 com novas informações