Bruno Freitas
@viuitauna
Distante dos holofotes da política itaunense desde que deixou a secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços, em agosto de 2018, Fernando Franco segue alinhado com o atual governo. Sem gabinete na Prefeitura, o vice de Neider Moreira (PSD) diz manter o diálogo com o primeiro escalão, dedicando-se ao escritório de contabilidade da família. Elogiando a Saúde e o hospital em meio a pandemia de COVID-19, avalia que, apesar da rejeição popular, o prefeito tem chances de se reeleger. Embora não tenha planos de disputar as eleições em outubro, Franco não esconde a intenção de voltar a se candidatar ao Poder Executivo em 2024. Confira a entrevista ao @viuitauna:
Por onde anda o vice-prefeito de Itaúna? O que tem feito?
Fiquei na Prefeitura um ano e seis meses. Contribuí muito com a administração nesse período. Participei ativamente, mas depois já formou o grupo, ele (prefeito) estava trabalhando sozinho. Decidi então voltar a minha vida particular, profissional principalmente. Porque tenho um escritório (de contabilidade) que vai fazer 40 anos, e estava precisando de mim. Contabilidade é onde eu me formei, trabalhei e constituí minha vida.
Em março de 2017 o sr. acumulou a Secretaria de Infraestrutura e Serviços, sendo substituído pelo irmão do prefeito, Silmar Moreira. Hoje quem ocupa a pasta é Rosse Andrade. Como foi o seu trabalho lá e o que mudou?
O Rosse tem feito excelente trabalho, sempre elogio ele muito. Chegamos na Infraestrutura com uma área desestruturada. O Francisco Ramalho (ex-prefeito e secretário no início do atual governo) pegou maquinário estragado e falta de investimento total. Reconstruímos a secretaria. Reformamos e colocamos para funcionar muita coisa que estava jogada lá. Outra coisa muito importante foi melhorar o local de trabalho, valorizando o ser humano. O pessoal da Prefeitura gosta da Prefeitura. Essa fama de que funcionário público é preguiçoso não existe.
Muitos vereadores, para mostrar resultado, tem recorrido à Infraestrutura. É o setor mais importante da Prefeitura hoje? Quais são as maiores realizações do atual governo?
O principal ganho foi a nossa Secretaria de Saúde. Nossa saúde melhorou muito. Em relação ao hospital (Pronto Atendimento 24h), nunca foi tão boa. Sou conselheiro do hospital há quase 20 anos e posso falar isso com muita certeza. A Infraestrutura é importante, mas por si só é muito cobrada pelo povo. Outra pasta é a Assistência Social. (O secretário) Dr. Élvio faz um trabalho excelente. Não querendo menosprezar as demais, são as pastas que o povo vê. A Educação é muito importante, mas a nossa formação já é tradição na cidade.
Em meio a pandemia, a Saúde em um único hospital não é problema? Itaúna não deveria contar com uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e um hospital particular?
O Hospital (Manoel Gonçalves) é espetacular. Pessoal de fora fala muito bem, nós de Itaúna é que o criticamos. Uma UPA representa um custo muito alto. Em Itaúna temos postos de saúde em quase todos os bairros. Investimos muito em saúde, mas a população não recorre aos PSFs. Gosta de ir no hospital. Isso é cultural, sem necessidade. Se tivesse hospital particular em Itaúna seria muito bom, mas nosso atual atende muito bem. A saúde no Brasil é falida. Não tem dinheiro que dê conta.
Em 2020 Neider quer entregar duas das principais obras do atual governo: o novo Centro Administrativo e a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Porque demoraram tanto?
A ETE teve uma grande paralisação na administração anterior. O (ex-prefeito e pré-candidato) Eugênio (Pinto) deixou a obra bem adiantada, no acabamento. Quem acompanha a administração sabe bem disso. Não houve avanço de 2013 e 2017. Quando chegamos na Prefeitura, refazemos tudo. Isso deu trabalho. O setor público as vezes não anda. A legislação de licitação tem de mudar. A (obra da nova sede da) Prefeitura também tinha um projeto muito grande e o dinheiro não daria para ser feito. Acabar (as obras) agora são coincidências.
Outras obras em andamento, de asfaltamento, somam quase R$ 28 milhões. Divergências sobre contratos foram o motivo da sua saída da Infraestrutura?
Minha saída não foi por discordância disso, mas pela vida profissional. Precisava recomeçar. Fiquei afastado do meu escritório por três anos. Fui secretário de Finanças no governo do (ex-prefeito) Osmando (Pereira). São coisas distintas. Sou a favor de licitação, deixei isso bem claro com o prefeito. Não concordo com a adesão a ata (de preços). Apesar de a lei ser muito arcaica, a licitação é mais transparente. Não digo que houve problemas, mas é mais certo. A adesão é necessária em obras de emergência.
Asfalto é realmente necessário nesse momento, considerando a dívida do Estado com o Município?
A população gosta de asfalto. Todo mundo quer sua rua asfaltada. Temos em Itaúna um asfalto bem gasto. E o asfalto de agora é muito bem feito, de primeira qualidade. Devemos focar na próxima administração o calçamento da zona rural. Gasta-se muito com maquinário e pessoal.
Depois de se distanciar do grupo do prefeito, pretende candidatar novamente?
Propus a todos que estão comigo que esse ano vou me afastar totalmente da política. Me dou bem com o prefeito, conversamos muito. Tenho muita afinidade e prometi a ele, no início da campanha, que podemos ficar 45 dias ou quatro anos, mas sempre juntos. Ele tem meu apoio até 31 de dezembro. Penso em voltar a ser candidato a prefeito nas eleições de 2024.
Qual a sua opinião sobre os pré-candidatos hoje? Neider tem condições de se reeleger? O grupo osmandista tem um nome forte?
Em uma polarização, o Neider deve ser reeleito, pelo trabalho que está sendo feito. Para dar continuidade. Mas há uma carência de novas lideranças. É uma tendência nacional. As pessoas querem o novo e essa tendência vai aumentar. Sou contra reeleição, mas é legítimo (o Neider se candidatar novamente).
Como avalia os recentes escândalos de corrupção na Câmara Municipal de Itaúna?
A corrupção deve ser mais apurada, mais levada a sério. As pessoas não podem tomar partido e proteger fulano. Esse é o erro. É o que falta nesse país, em todos os níveis da política. Proteger amigo deve acabar. Historicamente, sempre existiu corrupção no Brasil. Temos de mudar essa mentalidade. Apurar mesmo, seriedade doa a quem doer.
Com a queda do PIB, como a crise da COVID-19 pode ser minimizada em Itaúna?
O comércio perde, isso é fato. Mas Itaúna é uma cidade bem estruturada e temos uma capacidade de recuperação muito rápida. Teremos benefícios também. A cultura vai mudar. As pessoas vão aprender a comprar pela internet. Nas grandes depressões surgem as grandes ideias. A higiene das pessoas também melhorará.
O sr. não tem mais gabinete na Prefeitura. Ainda vai lá?
Converso demais, mas sem ser em gabinete. Com o prefeito, chefe de gabinete (Valter Amaral), Dr. Élvio. Ontem estávamos conversando sobre a Biblioteca Municipal. Sei tudo o que acontece lá. Só não vou pessoalmente.
Nas redes sociais há rejeição ao atual governo. A quê o sr. atribui essa avaliação negativa da população de Itaúna?
O pessoal ficou muito politizado e nas redes sociais gostam de criticar. Muitas das vezes as críticas são infundadas. Esse é o problema. Por isso as vezes fico cansado de política.