Bruno Freitas
@viuitauna
Eleita vereadora mais jovem da Câmara Municipal de Divinópolis, aos 25 anos, com 5.462 votos, também a maior votação já registrada, Lohanna França (Cidadania) mantém raízes familiares em Itaúna, onde estudou parte dos ensino fundamental e médio. Para a professora, ambas as cidades podem se valer das universidades de forma a fomentar emprego e desenvolvimento econômico. “Se quisermos podemos ter um Vale do Silício no Centro-Oeste mineiro. Podemos fechar parcerias”, enxerga.
Crítica à gestão e aos cargos comissionados do ex-prefeito Galileu Machado (MDB), ela reconhece a história do político e aponta que o eleito Gleidson Azevedo (PSC), irmão do deputado Cleitinho (Cidadania), tem uma oportunidade de ouro nas mãos – ao mesmo tempo em que enfrentará uma cobrança equivalente.
Para Lohanna, Itaúna e Divinópolis são parecidas pelos povos, considerado trabalhadores, mas Itaúna tem mais qualidade de vida. “Divinópolis sofreu bastante com as administrações recentes. Os últimos prefeitos erraram muito”. Confira a entrevista ao @viuitauna:
Qual a importância da representatividade da mulher na política?
Só teremos um governo para todos quando todos estiverem representados no poder. Isso não é uma questão de caridade ou fazer favor. É urgente que todos os setores da sociedade sejam representados nas decisões. A política será para as mulheres quando elas estiverem na política. É muito notório observar situações como a do Senado Federal, que não tinha banheiro feminino até 2016. A palavra senado vem do latim casa dos senhores. É dito de todas as formas não verbais que a política não é um espaço feminino. A gente ocupa meio na marra, na utopia, no sonho. Mas a gente ocupa.
Como é a sua visão sobre o Poder Legislativo hoje?
Gosto muito de relembrar a questão dos pesos e contrapesos que os poderes tem entre si. Prefeito, governador e presidente não são donos da cidade, do estado e do país. Eles precisam caminhar lado a lado e com harmonia com o Poder Legislativo. A Câmara é uma voz da sociedade, até pela pluralidade que lhe é característica. Por origem e definição, é um espaço de debate, discussão e de chegada de consenso. É uma representação fiél da sociedade. Importante trabalharmos para que fique cada vez mais fiél. Aumentando a representatividade das mulheres, dos negros, para que a gente tenha a sociedade representada.
Você mora em Divinópolis, mas tem uma história em Itaúna. Quais semelhanças e diferenças enxerga entre as duas cidades?
Itaúna é uma cidade que tem todo o meu carinho, que mora no meu coração e é parte integrante da minha formação como ser humano. Minhas raízes familiares estão em Itaúna. Gosto muito da cidade. Percebo uma semelhança que talvez tem a ver até com o mineiro. Ambas as cidades tem povos muito trabalhadores. Mas Itaúna foi melhor tratada ao longo dos anos pela administração pública. Divinópolis sofreu bastante com as administrações recentes. Os últimos prefeitos erraram muito. A troca é sempre bem vinda e explica um pouco deste desejo da população pela mudança. A diferença (entre as cidades) está na qualidade de vida que Itaúna tem.
Na área da saúde, as estruturas temporárias da COVID-19 foram alvo de investigações em Divinópolis. As obras do Hospital Regional na cidade seguem paralisadas. O que falta?
Não fui crítica ao hospital de campanha, mas a forma como foi feito. Deveria sim ter a estrutura para atender as pessoas, afinal Divinópolis é pólo na saúde e atende mais de 50 cidades da região. É uma responsabilidade muito grande nos ombros da cidade. Sem hospital de campanha, ampliação de leitos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e contratações adicionais, não conseguíramos fazer isso. O que questiono é a licitação e o favorecimento para que a empresa tenha se tornado organização social. Isso tudo ainda está muito nebuloso. É preciso investigar, até para que a justiça seja feita e o secretário Municipal de Saúde fique livre de toda a qualquer acusação sobre seu nome. O Poder Legislativo precisa protagonizar esta investigação. O povo de Divinópolis merece explicações. A forma como tudo foi feito, até onde vamos justificar? A partir de onde é inaceitável? Precisamos ter estas questões explicadas de forma clara.
A última gestão da Prefeitura de Divinópolis foi bastante criticada e denunciada. Com a eleição de Gleidson Azevedo, o que espera do Poder Executivo?
A gestão Galileu de fato caminhou no limite da mediocridade. Tivemos limites históricos que o Galileu cometeu e o fez novamente, abrindo as portas para a criação de cargos comissionados. Esta distribuição não atendeu critérios técnicos. Mas também gosto de evidenciar que o Galileu tem uma história com Divinópolis e é responsável por boa parte da infraestrutura da cidade. A gente tem de se referir à ele com respeito. Não gosto de dividir políticos entre bons e maus, vilões e heróis. Temos seres humanos que erram e acertam. Galileu errou muito, nos comissionados, na eficiência e no moralidade do setor público. Mas ele tem um histórico de serviços prestados. Vale lembrar também que com a questão orçamentária do Estado e todos os atrasos no repasse de recursos que o governo Romeu Zema (Novo) protagonizou, seria muito difícil qualquer prefeito fazer um mandato excelente. O prefeito Gleidson tem uma oportunidade de ouro nas mãos, de fazer história, e uma cobrança equivalente, porque a população espera isso. Até pela eloquência do irmão dele, o deputado Cleitinho Azevedo. No Poder Legislativo vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que a cidade caminhe, para fiscalizar. Lembrando que o Poder Legislativo tem altivez e independência garantidos pela constituição. Quero ser um parceira da cidade. Tudo o que a Prefeitura trabalhar e for bom para os munícipes, me terão ao lado deles.
Uma das maiores cobranças em Itaúna é a falta de desenvolvimento e emprego. Qual pode ser a saída para cidades de médio porte, como as nossas?
Divinópolis passa pela mesmíssima crítica, que é verdadeira e legítima, de que a cidade não tem espaço e oportunidade para o crescimento e o desenvolvimento econômico. O caminho ideal é trabalhar com ciência e tecnologia. O Brasil está passando por um momento de decisão. Minas Gerais é um dos estados que protagonizam. Precisamos decidir se a gente que continuar sendo o celeiro do mundo para o resto da vida ou se vamos tentar vender tecnologia e o que dá dinheiro de verdade, sem destruir nossas terras. Divinópolis está confortável por ter três univesidades públicas (UFSJ, CEFET-MG e UEMG), produzindo ciência e mão de obra qualificada. Se quisermos podemos ter um Vale do Silício no Centro-Oeste mineiro. Itaúna se beneficia disso diretamente, pela proximidade geográfica e a Univerisade de Itaúna. Não vamos mais produzir renda e gerar emprego se não caminharmos lado a lado com a ciência. Itaúna e Divinópolis podem desbravar caminhos com a proximidade das univesidades. O Hospital Regional de Divinópolis tem tudo para ser um hospital escola, que desenvolvem grandes soluções em saúde para o mundo todo. Podemos fechar parcerias com estas universidades.
Quais são as prioridades do seu mandato?
Educação, desenvolvimento econômico e meio ambiente. Mas não vou falar só disso. Quero discutir a cidade e além disso o impacto de Divinópolis no Centro-Oeste e como as cidades podem se ajudar. Isso perpassa principalmente as minhas bandeiras. A educação em Divinópolis é referência na região graças às universidades públicas. Quando Divinópolis anda em frente, caminha a passos largos, gera emprego, é bom para a região toda. As nascentes dos rios Pará e Itapecerica influenciam toda a região também.
O olhar regional é bem vindo (defendi essa bandeira na minha campanha para vereador) e tomara que Itaúna abrace essa idéia.