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A discussão em torno do tratamento precoce contra a COVID-19 em Itaúna continua dando o que falar. Depois de o infectologista Unaí Tupinambás gravar vídeo afirmando que não há eficácia científica comprovada, a Associação Médica de Itaúna (AMI) realizou reunião virtual com especialistas do Hospital Manoel Gonçalves no intuito de esclarecer à classe médica e a população os métodos e alternativas adotadas pela instituição. Boletim desta sexta-feira (19) aponta recorde de internações, com 45 pacientes no CTI e enfermaria do hospital – 19 com idade de 31 a 49 anos.
O médico pneumologista, coordenador do hospital e Membro do Comitê de Enfrentamento da COVID-19 da Prefeitura, Olber Moreira de Faria, abriu o encontro corroborando a fala de Tupinambás, esclarecendo que a hidroxicloroquina, a azitromicina e a ivermectina não têm respaldo científico para uso em pacientes com o novo coronavírus. Segundo Olber, desde 2020 vários medicamentos foram testados e estudos publicados, entre eles o que ficou conhecido como tratamento precoce na fase inicial da doença, como forma de prevenção.
“O fato é que no início alguns trabalhos promissores trouxeram esperança. Mas posteriormente em trabalhos mais sérios, mostraram uma eficácia muito duvidosa. Estes medicamentos realmente não têm eficácia como tratamento preventivo para a COVID-19. Não tem respaldo científico para utilizarmos de forma efetiva. Quem diz isso são todas as sociedades médicas brasileiras ligadas ao tratamento de pacientes”, observa Olber.
O cardiologista e coordenador da Clínica Médica, Antônio Augusto Nascimento Sena, ressaltou que na segunda fase do tratamento o paciente necessita de acompanhamento diário.
“É ofertado oxigênio, caso necessário, e a medicação que tem mais impacto nesta fase é a dexametasona, já conhecida e muito utilizada, dando uma diminuição no processo inflamatório mais avançado. A gente pode usar também nesta fase antibióticos voltados para o tratamento de uma pneumonia bacteriana. Outro medicamento utilizado nesta fase são os anticoagulantes, prevenindo a formação de trombos”, explica Sena.
ENTUBAÇÃO Também participaram da reunião o presidente da associação, clínico Geral e Gastroenterologista, Elton Moreira, e o reumatologista e coordenador do Centro de Terapia Intensiva, Austenir Maciel Coelho. Coelho salientou que após um ano de pandemia há mais certeza da classe médica para lidar com pacientes graves com COVID-19 em ambiente de terapia intensiva, além de tranquilidade para procedimentos de entubação.
“As duas drogas que surgiram e representam uma esperança são o tocilizumabe, para desinflamar o pulmão, mas que deve ser utilizada em uma circunstância especial de perfil de inflamação muito forte e tem acesso restrito. O segundo medicamento é o remdesivir, um antirretroviral com estudo robusto. Inclusive foi liberado pela Anvisa para comercialização em 14 de março, mas ainda não está disponível e também é de uso restrito”.
Contudo, o redevizir, acrescenta Coelho, é indicado apenas para pacientes em UTI e que ainda não foram entubados. “Para ser usado no paciente em situação intermediária de gravidade, que necessita de oxigênio suplementar. Espero que surjam mais drogas e mostrem benefícios em novos contextos”, aponta o reumatologista.
SAIBA MAIS
Provedoria se reúne com a Secretaria de Estado de Saúde
Com o excesso de capacidade instalada do hospital, a provedoria realizou nesta sexta encontro com a Secretaria de Estado de Saúde, representada pelo chefe de Gabinete João Márcio Silva de Pinho, onde foram apontados esforços mobilizados para não deixar pacientes sem atendimento, destacando a urgente necessidade de um aporte do Estado. Pinho disse que a secretaria acompanha a situação dos hospitais de perto e que darão prosseguimento às demandas, dando prioridade às mais urgentes. Acompanharam a reunião o deputado estadual Gustavo Mitre (PSC), o prefeito Neider Moreira (PSD), o secretário Municipal de Saúde, Fernando Meira, e representantes da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira.