Bruno Freitas
@viuitauna
Adquirida pelo Magazine Luíza em setembro de 2020, em meio à COVID-19, a startup de delivery de comida AiQFome é um dos passos da gigante do varejo rumo ao chamado superapp, conceito unificado de serviços em ambiente digital. Voltado à cidades com até meio milhão de habitantes, o aplicativo tem um licenciado por praça, pessoa responsável por prestar suporte aos parceiros – em Itaúna são 36 restaurantes cadastrados.
“Tem cidade que ninguém presta atenção no outdoor ou na panfletagem. Há algumas cidades em que o carro de som é o que funciona. Esse licenciado, sendo da cidade, nos dá um retorno da regionalidade, o que se reflete em pedidos e apoio aos restaurantes”, explica o mineiro Rafael Souza, responsável pela parte de negócios do AiQFome.
Sem bater de frente com os três maiores players do mercado – um deles o iFood, o app sediado em Maringá (PR) viu a pandemia acelerar em mais de 100% o modelo de negócio. Agora planeja lançar uma nova versão própria para motofretristas. “Os donos dos restaurantes não querem ter a contratação, o vincúlo, e muita gente tem procurado (as entregas) como renda extra ou principal da família. Queremos que eles (motoboys) ganhem bem, de R$ 6 mil a R$ 7 mil por mês, para poder dedicar à família”, afirma Souza.
O @viuitauna publica a série de matérias “Mudança de Hábitos”, mostrando os impactos da aceleração de novas tendências no comércio e no estilo de vida de Itaúna.
Itaúna, especificamente, é uma cidade muito nova para o AiQFome. Presente localmente desde agosto de 2020, o aplicativo distribuiu mochilas de cor roxa entre os parceiros, tornando a sua presença inconfundível nas ruas, principalmente à noite. Atualmente 17% dos pedidos na cidade são para hamburgueres e 17% para doces. “Normalmente muita pizza, hamburguer e marmitex (6%), que independente, pedem todo dia”, aponta Rafael Souza, para quem o foco, neste momento, é auxiliar restaurantes impactados pela queda de demanda.
“Temos dados apontando que 500 mil restaurantes fecharam no Brasil no ano passado”, estima. Entre as ações de ajuda oferecidas aos parceiros estão reduzir as taxas de comissão por pedido, antecipar o que for pago no cartão de crédito e conceder empréstimos financeiros, por meio de um projeto com o Fundo de Investimentos da Magalu. “Nossas preocupação é como salvar os restaurantes. Dependemos deles”, diz.
BATE-PAPO
5 perguntas para Rafael Souza, chief business officer do AiQFome
Você é mineiro? Conte-nos um pouco da sua história:
Sou natural de Mariana, mas morei minha vida toda em BH. Trabalhei por seis anos na fábrica da Coca Cola, quando em 2014 decidi sair e empreender. Abri duas cafeterias, que não deram certo. Aprendi bastante. Nesta fase de encerrar as atividades, comecei a procurar oportunidades, quando conheci o CEO do AiQFome. Em 2017 me chamaram para cuidar da expansão do app em Minas Gerais. Em 2018 assumi a expansão nacional. Depois, os times de operações e treinamento e customer services. Nesse ano fui convidado para assumir toda a parte de negócios. Somos um braço de food delivery dentro do grupo Magalu.
Apps de delivery começaram a ser mais utilizados na pandemia. O que mudou?
Até sermos adquiridos pelo Magalu eramos uma empresa familiar. Com a aquisição conseguimos planejar uma estratégia para entrar em grandes cidades a curto prazo. Em março de 2020, quando começou a pandemia, não tínhamos noção do que aconteceria. Naquele momento nos preocupamos com o público interno. Estávamos preparados para uma queda de faturamento de 50%. Cortamos uma série de sofwares secundários para reduzir custos e suspendemos contratações. Foi uma surpresa ver que a pandemia acelerou muito o processo de aplicativos em geral. Em um segundo momento, precisávamos era contratar. Chegamos a contratar 20 pessoas em um mês só. Então começamos a nos adaptar e a crescer junto do mercado.
São vários os apps disponíveis. Como se destacar em uma cidade como Itaúna?
Atuamos em duas frentes de negócio, que são os restaurantes e o cliente. Para os restaurantes, nosso diferencial é o licenciado, uma pessoa na cidade que destina o seu tempo para o negócio. Entendemos que há estratégias de marketing globais, mas o offline não é o mesmo para cada cidade. Todos os pedidos são mapeados sem a necessidade de que o restaurante nos procure. Podemos ajudá-los com a compra de um equipamento, mudar a fachada. Para o usuário final nosso diferencial é o modelo de comunicação e o jeito que falamos, com um humor e pitada de sarcasmo. Tudo termina em comida. Nosso intuito é que o usuário faça pedidos.
Como o AiQFome enxerga a migração de profissionais para motofretistas?
Já contamos com um aplicativo próprio para delivery, mas que ainda não roda. Estávamos preparados para o lançamento no ano passado, mas no início da pandemia houve um movimento dos motoboys contra os apps. Atualmente não trabalhamos com motoboys. 100% das entregas são feitas pelos parceiros, donos dos restaurantes. Mas pretendemos lançar porque é um modelo que está crescendo. Antes de lançar, queremos ter um cuidado maior com esse público. Já fechamos parcerias com uma seguradora, para seguro de vida e acidentes, para benefícios maiores que os concorrentes. E principalmente ter uma comissão maior que a dos outros apps.
Como foi a integração com o grupo Magalu?
A ideia dos CEOs do Magalu é digitalizar o Brasil, trazendo tecnologia para o país todo. Um app onde você encontra de tudo: comidas, livros, sapatos, moda. A aquisição foi estratégica, pensando na quantidade de acessos que o superapp da Magalu vai ter. Eles enxergaram nesse modelo de licenciamento uma oportunidade de entrar em pequenas cidades, ajudando o pequeno e médio comerciante. Outras empresas tentaram nos comprar. A Magalu manteve a ideia de manter os licenciados. Foram três meses do início da conversa até o contrato, o que foi muito rápido. A cultura das duas empresas tem o mesmo foco e objetivo. Desde o início queríamos ser o melhor. Agora com o Magalu, queremos ser o maior.
CENTRO-OESTE Além de Itaúna, na região Centro-Oeste o AiQFome também está ativo em Bom Despacho, Cláudio, Formiga, Itapecerica, Nova Serrana, Oliveira e Pará de Minas. O licenciado em Divinópolis fechou e o app colocou a cidade para “venda” novamente.
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