Sem-teto ocupam casarões milionários de propriedade de itaunenses em Belo Horizonte; entenda!

@viuitauna

Pelo menos dois casarões de propriedade de itaunenses, no bairro de Lourdes, área nobre da zona sul de Belo Horizonte, foram ocupados por moradores sem-teto na capital mineira. Tombados pelo Patrimônio Histórico Municipal, eles estão no mesmo quarteirão e são avaliados em milhões de reais. As ocupações são apoiadas pelo Movimento de Libertação Popular (MLP), que alega abandono há mais de uma década, em processo de deterioração.

Recentemente o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou o despejo de uma ocupação próxima aos dois imóveis, na Rua Santa Catarina, 435. Os ocupantes têm até 24 de agosto para deixar o local, avaliado em R$ 7,5 milhões e que pertence a um empresário e pecuarista de Januária, no Norte de Minas. As informações foram reveladas pelo jornal Estado de Minas.

Um dos imóveis de itaunenses é a chamada Ocupação Casa Verde, na Av. Olegário Maciel, 1.247. De propriedade da Cia. Industrial Itaunense, o terreno do casarão de esquina é avaliado em R$ 1,8 milhão, segundo a imobiliária que administra os bens, e está vazio há 12 anos. O segundo imóvel fica na Rua Santa Catarina, 450. A imobiliária chegou a anunciar a venda por R$ 2 milhões. Os proprietários são de uma família de Itaúna.

Morador da Casa Verde, Adão Luiz Felipe, de 58 anos, disse à reportagem que antes vivia na rua e no local divide espaço com cerca de 12 pessoas. Contudo, a rotatividade é alta. “A rua não é lugar para ninguém. Aqui, pelo menos, eu tenho um pouco de dignidade. Consigo tomar um banho, fico mais seguro. Não queremos ficar aqui a vida toda”, diz Adão.

No mesmo quarteirão, na Rua Santa Catarina, casarão de família de Itaúna também foi ocupado

DESAPROPRIAÇÃO Segundo o MPL, a casa da Av. Olegário Maciel já foi ocupada diversas vezes pela população de rua. Quando o movimento soube da ocupação, em fevereiro, já estavam morando no local há mais de dois meses, a exemplo do imóvel da Rua Santa Catarina. “Entendemos que o primeiro objetivo foi a de sobrevivência nesse momento tão desafiante de pandemia e mais ainda pra quem está nas ruas”, afirma Bruno Cardoso, integrante do MLP.

O movimento reivindica que a Prefeitura de Belo Horizonte desaproprie os imóveis e os transforme em espaços de políticas públicas de moradia, para que as pessoas não retornem às ruas em caso de despejo. Os proprietários dos casarões ajuizaram ações de reintegração de posse. Em abril a Justiça condicionou a concessão da liminar para a Itaunense à adoção de medidas de assistência aos vulneráveis, pela PBH.

A PBH, por meio da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) disse ao @viuitauna que os casarões são áreas de propriedade particular e por isso o Município não é parte do processo. “A PBH indicou abrigos municipais para o acolhimento das famílias e se encontra à disposição para ajuda humanitária, caso haja necessidade”, afirma em nota.

OUTRO LADO Diretor da Cia. Itaunense, Tony Salera disse ao Estado de Minas que não tem “família de pobrezinhos” na Casa Verde. O empresário alega que o imóvel é parte do patrimônio da massa falida da extinta companhia de tecidos, adquirida pela família em 2012. “Fomos lá com a Polícia Militar e não encontramos uma mãe, uma criança. Havia só quatro marmanjos agressivos, armados com facão”, afirma. Salera explica que a casa estava quase vendida, mas com a ocupação as negociações foram paralisadas. “Também não é verdade que o imóvel esteja abandonado. Apresentamos um projeto de restauração na Prefeitura, isso está registrado no processo de reintegração de posse. Se a casa está deteriorada, é por depredação de invasores”.

O @viuitauna tentou contato com os donos do imóvel da Rua Santa Catarina, 450, mas não obteve retorno.

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