Sabatina na Câmara volta a discutir problemas do Programa Conduz: custo de R$ 0,34 na tarifa, diz ViaSul

@viuitauna

Os constantes atrasos e quebras de vans do Programa Conduz, voltado à portadores de mobilidade reduzida em Itaúna, foram debatidos durante audiência pública na tarde desta quarta-feira (31) na Câmara Municipal. Segundo um dos advogados da concessionária ViaSul, o serviço “na maioria das vezes tem sido indevidamente utilizado” e representa um custo de R$ 0,34 na composição da tarifa de R$ 5. A empresa de ônibus defendeu uma fonte de custeio, além do subsídio já solicitado para o transporte coletivo.

“As vezes o cadeirante fica esperando 1h30 para ir embora. Pra gente já é difícil. Imagina para o cuidador e o deficiente?”, questionou Cláudia, da APAE, presente na reunião.

A representante da APAE pediu aumento na frota de vans e sugeriu retomar as reuniões periódicas com a gerência operacional da empresa de forma a resolver os problemas de demanda. “A gente percebe a necessidade de aumentar a quantidade de vans rodando”. Outro representante da APAE, Alex Júnior contou que já teve de ir à garagem da empresa de ônibus ameaçar chamar a polícia para alunos serem atendidos. Em um dos casos, o motorista respondeu “eu decidi parar a van”. Júnior apelou aos vereadores para que não se retroceda a inclusão garantida aos usuários do serviço.

“Temos vários usuários que trabalham dentro de empresas e evoluíram dentro da APAE. Muitos reclamam que trabalham meio período e querem trabalhar o dia inteiro. Não é só médico e escola”, ressaltou.

O vereador Kaio Guimarães (Patriota) questionou a possibilidade de se regulamentar o uso das vans apenas para fins específicos. Gleison Fernandes, o Gleisinho (PSD), respondeu que cabe ao prefeito Neider Moreira (PSD) baixar um decreto regulamentando a lei de forma mais apropriada. Edênia Alcantara (PDT) também apontou a necessidade da adoção de critérios para agendamento do serviço. A vereadora defendeu a criação de um fundo de transporte público para melhorias aos usuários.

USO MONOPOLIZADO A gerente de Trânsito e Transportes da Prefeitura, Cíntia Valadares, ressaltou que o Programa Conduz é “sensacional”, mas o número de usuários da APAE atendidos é alto. Valadares disse que, ao assumir o agendamento do programa, que antes estava com a secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, se deparou com oito usuários cadastrados que não eram cadeirantes e outro usuário que monopolizava o uso da van somente para ele.

“Não tínhamos nenhum dado, registro ou documento das pessoas que faziam jus ao programa. Hoje tenho registro mensal de agendamentos, atendimentos e cancelamentos. Está pacificada essa questão de que a gerência de Trânsito agenda o Programa Conduz. São 1,3 mil agendamentos/mês. Temos como provar isso. Muita coisa foi corrigida”, garantiu.

DEMANDA ALÉM DO CONTRATO Durante a sabatina, o advogado da ViaSul e ex-procurador do Município, Jardel Araújo disse ainda que a demanda pelas vans aumentou além do previsto no contrato do transporte coletivo, renovado em dezembro de 2016, sendo necessário adotar um “filtro” para mitigar os problemas.

“Temos uma média diária de 88 atendimentos. Via de regra acontecem atrasos, sem prejuízo da empresa desmarcar e não levar ao conhecimento do departamento de trânsito. Podemos melhorar, mas precisamos de uma fonte de custeio”, disse.

Araújo sugeriu a elaboração de um estudo para o serviço, chegando então a um denominador comum. “A empresa não é contra o programa. Temos de encontrar uma equação para viabilizar o processo”, apontou.

Gleisinho discordou do advogado o fato de o programa onerar a ViaSul e disse que a Prefeitura, através do vale-transporte gratuito, já repassa o valor à empresa.

E MAIS…

TRÂNSITO AFETA ÔNIBUS Ainda durante a audiência, Cíntia Valadares disse que o aumento no número de veículos em circulação em Itaúna afeta o itinerário dos ônibus. Por isso, a gerência pretende rever as linhas. “O número de veículos na cidade aumentou muito. Há uma média de 12 mil veículos/dia entrando pela Rua Silva Jardim”. Segundo Valadares, a discussão para a implementação do terminal de integração foi retomada nesta semana, após uma paralisação devido a pandemia. “É uma realidade, mas não foi definido ainda, não bateu o martelo, para o local”.

ATRASOS ABAIXO DA MÉDIA Também foi falado sobre a manutenção dos ônibus, feita a cada 15 dias, com mecânico e eletricista na garagem de Itaúna. “Pela quantidade de reclamações e fiscalização, a tolerância para atrasos em Itaúna está abaixo de média”, defendeu um dos fiscais de concessão. A atual média do transporte coletivo é de 12 mil viagens/mês. Nos últimos três meses foram lavradas 90 multas contra a concessionária.

RECANTO DAS PEIXOTAS A fiscalização de concessão informou ainda que todos os ônibus da linha Cidade Nova passaram a atender o bairro Recanto das Peixotas, após constantes reclamações de usuários.