Moradores denunciam poluição em Itatiaiuçu; empresa compara o fato a “válvula de panela de pressão”

@viuitauna

Moradores de Itatiaiuçu que residem próximo à Siderúrgica São Jorge, no bairro Castelo Branco, voltam a reclamar da poluição e do excesso de partículas liberados no ar pelas chaminés da empresa. A empresa afirma que a situação é pontual, tem duração de cerca de três minutos e que não há problemas com os filtros da usina. A siderúrgica compara o fato a uma “válvula de panela de pressão”.

O morador Leando Diniz encaminhou ao @viuitauna fotos e vídeos que ilustram a denúncia e revelam uma fumaça escura e densa saindo das chaminés da siderúrgica e uma grande quantidade de pó acumulado nas casas.

Revoltados com a situação os moradores se reuniram na manhã desta quarta-feira (24) com a Prefeitura de Itatiaiuçu, a fim de cobrar providências.

“Estivemos reunidos com o prefeito, o secretário de gabinete, a secretária de Meio Ambiente, mas não conseguimos nada de frutífero na reunião. Todos os pedidos e questionamentos que fizemos, eles se indispuseram a fazer”, afirmou Leandro.

Ele contou que os moradores pediram à Prefeitura que seja feita uma medição do nível de particulados na atmosfera e enviado ao Governo do Estado, ou uma ação pública contra a empresa por danos aos moradores ou ainda que fosse doado à siderúrgica um terreno em outro local, afastado da área urbana para que a empresa possa se instalar. Todos os pedidos, entretanto, foram negados pelos gestores, de acordo com o morador.

CONFIRA ALGUMAS IMAGENS ENVIADAS À REPORTAGEM:

O @viuitauna entrou em contato com a Prefeitura de Itatiaiuçu. A assessoria de comunicação visualizou a mensagem, mas não respondeu.

RESPOSTA DA SIDERGÚRGICA SÃO JORGE A reportagem entrou em contato com a Siderúrgica São Jorge, que respondeu que os fatos relatados pelos moradores “se referem a eventos pontuais de aproximadamente três minutos de duração”. De acordo com a empresa a poluição da qual os moradores reclamam “é um mecanismo de segurança” e compara o evento a uma “válvula de panela de pressão”.

A siderúrgica afirma que “não há problemas com os filtros da usina, a empresa inclusive irá implantar horímetros nos filtros de mangas a fim de evidenciar seu funcionamento durante todo período de operação. Não foi evidenciado a necessidade de ajustes nos equipamentos, mas a empresa continua a melhorar os enclausuramentos para eliminar qualquer poeira fugitiva”.

A Siderúrgica São Jorge informou ainda que “apresentou para a Gerência de Qualidade do Ar da Superintendência Regional de Meio Ambiente (SUPRAM) Central estudo de dispersão atmosférica solicitado, pois é com base neste estudo que serão determinados os parâmetros, frequência e locais de monitoramento da qualidade do ar na região onde a empresa está instalada, estes pontos são determinados pelo órgão”. A empresa afirma que aguarda o retorno da SUPRAM para iniciar o monitoramento.

SITUAÇÃO SE REPETE No ano passado os moradores reclamaram deste mesmo problema de poluição do ar causado pela siderúrgica. Na ocasião a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) solicitou a celebração de novo um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A 3ª Promotoria de Justiça de Itaúna do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou notícia de fato para apurar os fatos. Segundo o órgão, a SUPRAM e a Prefeitura de Itatiaiuçu foram oficiadas para que tomassem providências no âmbito de suas competências.

O @viuitauna entrou em contato com a SEMAD e o MPMG, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.

LEIA A NOTA DA SIDERÚRGICA NA ÍNTEGRA:

“Esclarecemos que alguns fatos relatados pela comunidade sobre emissão de particulado se referem a eventos pontuais de aproximadamente 3 minutos de duração que não é usual e é um mecanismo de segurança como uma válvula de panela de pressão comumente utilizada em cozinhas.

Nesse caso a usina atua sempre lavando os telhados e as vias de circulação da empresa para impedir a ação dos ventos. Reiteramos que os fatos ocorrem de forma pontual eventualmente, mas a São Jorge atua imediatamente no controle desta pressão.

Destacamos ainda que não há problemas com os filtros da usina, a empresa inclusive irá implantar horímetros nos filtros de mangas a fim de evidenciar seu funcionamento durante todo período de operação. Não foi evidenciado a necessidade de ajustes nos equipamentos, mas a empresa continua a melhorar os enclausuramentos para eliminar qualquer poeira fugitiva.

Desempenhamos sempre manutenções programadas, processo comum para todos equipamentos, o que garante a eficiência do funcionamento dos mesmos. Reafirmamos que os monitoramentos dos filtros de mangas foram determinados no processo de licenciamento ambiental e todos os resultados obtidos estão em conformidade com a legislação.

A empresa apresentou para a Gerência de Qualidade do Ar da SUPRAM Central estudo de dispersão atmosférica solicitado, pois é com base neste estudo que serão determinados os parâmetros, frequência e locais de monitoramento da qualidade do ar na região onde a empresa está instalada, estes pontos são determinados pelo órgão. A São Jorge Siderurgia está aguardando este retorno para iniciar o monitoramento.

A São Jorge Siderurgia mantém uma comunicação aberta com a comunidade, seja através da Ouvidoria, pelas redes sociais ou através de representantes da comunidade, atuando sempre a responder a todas as dúvidas enviadas, sempre com a verdade dos fatos”.