Biomédica é indiciada por homicídio doloso após morte em procedimento estético: “assumiu o risco”, diz PCMG

Após cinco meses de investigações, a Polícia Civil indiciou a biomédica Lorena Marcondes por homicídio doloso e pedirá novamente a sua prisão. O inquérito, divulgado nesta terça-feira (24) em coletiva de imprensa, confirmou que a paciente Iris Nascimento foi submetida à uma lipoaspiração antes de morrer, em Divinópolis. A mulher, de 46 anos, sofreu choque hemorrágico e intoxicação devido ao excesso de anestésico. Duas funcionárias da clínica foram indiciadas, por homicídio simples. A defesa da biomédica tratou o indiciamento como “absurdo” e disse que o inquérito foi conduzido a “toque de caixa” para dar uma resposta à imprensa – leia mais a seguir.

O chefe do 7° Departamento de Polícia Civil em Divinópolis, Flávio Destro, afirmou que a biomédica matou a paciente ao executar um procedimento cirúrgico de grande porte sem a devida habilitação e, assim, assumir o risco. O delegado Marcelo Nunes a indiciou por homicídio doloso qualificado.

Segundo Nunes, há inúmeras outras vítimas da biomédica. Contudo, foram instaurados inquéritos individuais. Alguns relataram dores fortes durante os procedimentos e chegavam a acordar. Foram encontrados produtos proibidos e que era usados em pacientes.

O delegado apontou que não há nenhuma prova que comprove que Íris fazia uso de ansiolítico, como alegado pela defesa de Lorena. Disse ainda que as perfurações eram “enormes” é que Íris deve ter “sofrido muito” por causa da dor.

“Por motivo torpe porque ela só visava o lucro. As planilhas não tem dados científicos do paciente, só questões financeiras. Pena mínima de 12 a 30 anos. Traição, ela enganava os pacientes. Ela falava que não era procedimento invasivo. Só no corpo da Iris foi 12 infusões. Se isso não é invasivo, o que é então? Ela enganava as pacientes (…)”, alegou.

CADEIA DE EVENTOS LEVARAM À MORTE De acordo com o médico legista João Paulo Nunes, “existe uma cadeia de eventos que levaram a morte da paciente”. Iris morreu no dia 8 de maio, após sofrer parada cardiorrespiratória durante o procedimento estético na clínica da biomédica. A vítima tinha 12 perfurações, 10 no abdômen e dois nos glúteos. Inicialmente, equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) a socorreram e a levaram para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD). Porém, a paciente morreu.

“Você tem traumatismo abdominal penetrante, com sinais evidentes de lipoaspiração, choque hemorrágico, intoxicação anestésica, conduzindo a uma parada cardiorrespiratória. Ela contribuiu de forma decisiva para essa aspiração e desfecho do óbito”, apontou Nunes.

Ainda conforme o médico legista, os exames confirmam que a biomédica submeteu a paciente a uma lipoaspiração, injetando lidocaína, anestésico utilizado, por exemplo, para anestesia local. Contudo, ficou comprovado intoxicação devido ao excesso aplicado.

A perícia também submeteu fragmentos do pulmão da paciente à análise. Ficou comprovado que houve um “dano grave e irreversível de pneumonite e pneumonia aspirativa”. Ao sofrer a parada respiratória, parte do aspirado do abdômen foi para o pulmão. (com informações do Portal Gerais)

E MAIS…

Produtos apreendidos
A Polícia Civil liberou imagens de produtos apreendidos na clínica e encontrados dentro de um carro também apreendido. Eles teriam sido utilizados em procedimentos estéticos. Dentre eles, o que culminou na morte de Íris.

Defesa aponta assistência
Tiago Lenoir, advogado da biomédica Lorena Marcondes, criticou a atuação da Polícia Civil. Disse ainda que a cliente não saiu de casa “para matar ninguém” e que Lorena prestou toda a assistência, inclusive prestando o primeiro socorro.

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