Betim, Divinópolis, Igarapé, Itaúna, Juatuba, Mateus Leme, São Joaquim de Bicas e Sarzedo são os municípios na rota do projeto do Gasoduto Centro-Oeste, cujo início das obras foi oficializado nesta segunda-feira (4) em Juatuba, em solenidade com a presença do governador Romeu Zema (Novo). O pontapé inicial da construção do projeto calculado em mais de R$ 800 milhões foi dado com a presença de prefeitos da região, como o de Itaúna, Neider Moreira (PSD), e a perspectiva de aumentar em cerca de 300 quilômetros a extensão do Sistema de Distribuição de Gás Natural (SDGN) da Gasmig, trazendo o gás, pela primeira vez, à região Centro-Oeste mineira.
A implantação começa pela construção da Linha Tronco, dividida em dois lotes de execução simultânea. Em um primeiro momento, haverá frentes de serviço nos municípios de Betim, Mateus Leme e Divinópolis. A construção também foi dimensionada possibilitando uma expansão futura do sistema para o Triângulo Mineiro, previsto inicialmente no projeto.
No caso da Linha Tronco, segmento principal que conectará as demais vias, o material dos fornecedores já foi recebido, quase 90% dos processos de desapropriação de terras estão concluídos e os contratos de uso e ocupação de rodovias foram assinados. As obras da linha têm duração estimada de 18 meses.
“Este projeto contribui enormemente para o desenvolvimento da região, que está crescendo muito, e com essa fonte de energia vai ter condição de crescer ainda mais. Para mim, é muito bom ver que estamos dando mais um passo para o desenvolvimento do estado. Eu não acredito em milagres; acredito em ações conscientes como essa”, afirma Zema.
De acordo com o Estado, o início dos trabalhos em fevereiro foi possível após a aprovação do licenciamento ambiental pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). O potencial de consumo do projeto é em torno de 230 mil metros cúbicos por dia, com captação estimada em 1 mil novos clientes industriais e comerciais.
Os gasodutos serão testados e gaseificados por etapas, possibilitando que o início dos atendimentos aos municípios aconteça antes da conclusão de 100% das obras. Ou seja, na prática, à medida que os trechos forem concluídos, os municípios já poderão se beneficiar do acesso ao insumo.
“Esses investimentos vão trazer uma energia mais limpa e mais barata para consumidores e indústrias da região. Além disso, o gasoduto vai aumentar muito o potencial de atração de investimentos, pois as indústrias, metalúrgicas, siderúrgicas que fazem uso de eletricidade poderão avaliar se vale a pena ou não usar o gás” afirma o governador.
Para as Linhas Laterais, a expectativa é a de que as intervenções se iniciem no segundo semestre de 2024, uma vez que as desapropriações e assinaturas de contratos de uso e ocupação de rodovias se encontram em fase final de processamento. Para essas linhas, já foram concluídas: a aquisição de materiais; e a contratação de serviços de empresas terceirizadas. O edital foi publicado em janeiro deste ano.
POLO EM VESTUÁRIO, CALÇADOS E FUNDIÇÃO A região Centro-Oeste se destaca por polos produtivos tradicionais na economia mineira, como os de vestuário, calçados e fundição. Este último, reconhecido como Arranjo Produtivo Local (APL) de Fundição, demanda grande volume de energia, envolve o território dos municípios de Cláudio, Itaúna e Divinópolis e congrega 156 das 243 fundições do estado – ou seja, mais da metade -, todas com alta necessidade energética.
Também com grande demanda de energia, o APL de Cerâmica Vermelha de Igaratinga, com suas 120 olarias, tem muito a ganhar com o combustível. Hoje, seus fornos usam biomassa, que tem encarecido nos últimos anos. Além desses, mais APLs podem se beneficiar, em diferentes níveis, do gás natural na região, como o de Móveis de Carmo do Cajuru, de Calçados de Nova Serrana, Fogos de Artifício de Santo Antônio do Monte, Vestuário de Divinópolis, Confecção de Lagoa da Prata, Cachaça de Córrego Fundo e Avicultura e Suinocultura de Pará de Minas.
“O Gasoduto Centro-Oeste será mais uma medida catalisadora do desenvolvimento para a população local que repercutirá na economia de todo o estado. De maneira estratégica, a Rede de Distribuição de Gás Natural já está concentrada em municípios que correspondem, atualmente, a mais de 50% da produção industrial de Minas Gerais. Esse também é o caso do projeto que está sendo desenvolvido no Centro-Oeste, região que abriga um importante polo industrial e arranjos produtivos de Minas”, destaca o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Fernando Passalio.
E MAIS…
Grupo Simec espera aumento de competitividade e menos emissões
Com unidade industrial em Itaúna, o Grupo Simec, outro grande interessado no projeto, iniciou suas operações no setor siderúrgico em 1969, em Guadalajara, no México. A instalação da empresa no município mineiro resultou de um plano de expansão a novos mercados, que identificou no estado potencial para ampliação dos negócios. A projeção do grupo é a de que o gasoduto não só aumente a competitividade da empresa, mas que também possa ajudar a reduzir a poluição e a emissão de gases para o meio ambiente. A empresa consome, atualmente, 330 mil metros cúblicos de gás por mês.