O ex-policial civil suspeito de matar o delegado aposentado Hudson Maldonado, de 86 anos, em Sete Lagoas, se apresentou na delegacia da cidade, onde o órgão cumpriu um mando de prisão preventiva. A delegada Fernanda Mara de Assis Costa aponta que em decorrência das investigações já havia a ordem de prisão, representada pela PCMG e expedida pela Justiça. Segundo Costa, a motivação do crime estaria relacionada com o fato de o suspeito, de 52, ter sido excluído dos quadros da instituição, há 18 anos, por meio de procedimento disciplinar do qual a vítima participou à época. Na manhã de sexta-feira (24) o homem “procurou a delegacia espontaneamente”, conta.
O crime ocorreu na quarta-feira (22), na residência da vítima, que teve o corpo carbonizado. Hudson Maldonado atuou nas delegacias de Polícia Civil de Itaúna nas décadas de 1970 e 1980, criando fortes laços de amizade na cidade. Ele também foi professor de Direito na Universidade de Itaúna.
“O investigado entrou com uma ação de reintegração de cargo e acabou perdendo na 1ª e na 2ª instância e, na semana passada, teve derrota no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Isso reavivou toda a mágoa e esse sentimento de rancor que tinha contra o delegado”, explica a delegada.
Ao prestar depoimento, o investigado disse que estava “no mato” desde a data do crime. “Ele disse que preferia não ficar mais nessa condição, queria se apresentar e está disposto a responder o procedimento”, revela a delegada.
Enquanto era ouvido, o suspeito apontou que não queria ter matado o delegado. “Segundo declarações dele, na verdade, queria agredir a vítima, mas que no momento foi tomado pela emoção e acabou usando o combustível, e foi muito além do que imaginava que ia ser”, afirma Costa.
Ainda segundo a delegada, o homem disse que dois dias antes do crime estava passando na porta da casa da vítima e que havia deixado o recipiente com combustível em lote vago ao lado. “Ele justificou que precisava entrar na casa, e que se fosse necessário usar o combustível para jogar fogo no imóvel para que abrissem a porta, ele iria fazer”.
DINÂMICA DO CRIME De acordo com o registro da ocorrência, o investigado teria se passado por entregador de uma farmácia a fim de entrar na residência e ameaçado uma funcionária ao ser atendido, para ter acesso ao interior do imóvel. Foi ouvido um grito e, em seguida, visualizado fumaça saindo do quarto onde a vítima estava. A polícia, então, foi acionada.
Na ocasião, a perícia da PCMG e uma equipe de policiais compareceram ao local para identificar e coletar vestígios. O corpo da vítima foi encaminhado ao Posto Médico-Legal do município e passou por exame de necropsia. As investigações prosseguem para a conclusão do inquérito policial.