Na reunião da Câmara Municipal desta terça-feira (8), o provedor do Hospital Manoel Gonçalves, Antônio Guerra, atentou que as despesas hospitalares são os recursos que mantém o hospital atualmente. Dentre as despesas estão as emendas parlamentares, destinadas por vereadores e deputados. Para se enquadrar no recebimento das verbas, o hospital precisa atender a cota mínima de 60% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Volume que chega aos atuais 84%. Apesar das dificuldades, na visão do provedor, o hospital de Itaúna está bem avaliado. Em 2024, a instituição alcançou um índice de ineficiência de 17% no programa Diagnosis Related Groups (DRG), contra uma média de 40% de outros hospitais do programa. O programa, do Governo de Minas, monitora as operações e a eficiência de unidades de saúde em Minas.
“A grande preocupação nossa é que, o hospital por ser filantrópico, para receber emendas parlamentares, subsídio de imposto, ele precisa atender 60% dos internados paciente SUS. Hoje o hospital trabalha com 84% de pacientes SUS. O restante, particulares e convênios. Ou seja, o hospital trabalha com 24% de internações acima do que preconiza a lei”, aponta Guerra.
Para melhorar a eficiência, o Manoel Gonçalves produziria um prejuízo ainda maior, pontua Guerra, ressaltando que para reduzir o prejuízo de produção, “saída irracional se considerarmos a questão social”, é necessário reduzir o número de leitos de CTI e internação, o que diminuiria a quantidade de atendimentos. Na sexta-feira de Carnaval, o hospital chegou a ficar com 35 pacientes represados no Pronto Socorro. Estoque que poderia chegar a 100 ou 130 pessoas com a redução.
“A Sala Vermelha tem dia que trabalha com 200% de excesso de pessoas. Nós temos 4 leitos. Tem dias que tem 6, 8 pessoas. Paciente que deveria ir para CTI, sala cirúrgica de cateterismo, de ponte de safena, e ele não tem saída”, exemplifica.
SUPERÁVIT VEIO APÓS NOVA ALA Segundo Guerra, o superávit de R$ 265 mil alançado em 2024, em meio a uma movimentação de R$ 94 milhões de receitas e despesas, demonstra a “fragilidade” financeira do hospital. Os resultados positivos só vieram após o grupo J. Mendes doar o novo prédio anexo, no valor de R$ 10 milhões. Com 33 leitos inicialmente, o edifício anexo de quatro andares foi entregue em agosto de 2022.


“É muita movimentação financeira para um resultado pequeno. Movimenta muito e se a gente não fizer um esforço muito grande, a gente não consegue segurar o resultado positivo”, afirma Guerra.
E MAIS…
Provedor diz que população está “muito bem servida”.
O provedor ressaltou na reunião da Câmara que a população de Itaúna está “muito bem servida” com o Manoel Gonçalves. “Nós temos as dificuldades, estamos longe de ser o ideal, mas em relação a outros lugares isso dá uma satisfação para nós. Nós não ganhamos para trabalhar lá, mas isso paga o salário nosso”, conclui.