Um acordo de reintegração de posse da Fazenda Monte Alvão, ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde março de 2017, em Santa Terezinha, em Itatiaiuçu, prevê a transferência de dois imóveis de 65 e 81 hectares, respectivamente, como forma de desocupação da área original. As áreas, na localidade de Teixeiras, estão registradas na Comarca de Itaúna. Neste sábado (31), o vereador Gustavo Dornas (Republicanos) reagiu com preocupação sobre a transferência do acampamento, chamado Maria da Conceição. Segundo Dornas, o acordo, que envolveria áreas na divisa dos municípios, próximo ao Córrego do Soldado, foi realizado sem a anuência da Prefeitura de Itaúna.
“A pergunta que a gente faz é: essa região que vai receber essas pessoas está preparada? Quem vai assistir essas pessoas do ponto de vista da saúde, educação, do saneamento básico? Qual é o impacto dessas pessoas que vão ser transferidas para com os moradores da região?”, questiona Dornas.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o vereador afirma que levará a preocupação ao prefeito Gustavo Mitre (Republicanos) e ao Ministério Público, mas diz que “essa tem de ser uma preocupação não somente do Executivo municipal, mas de toda a sociedade itaunense”.
Em 2019, o pedido de reintegração de posse da Fazenda Monte Alvão chegou a ser suspenso pela Justiça. No acordo, o qual o @viuitauna teve acesso, a transferência dos imóveis deve ocorrer em um prazo de 12 meses, contados a partir da homologação judicial da transação, assinada em 25 de junho de 2024.
A Prefeitura de Itatiaiuçu, onde está situada a Fazenda Monte Alvão, de 395 hectares, alvo do imbróglio, contudo, diz não estar ciente do processo. “Até onde sei a Prefeitura não tem envolvimento nenhum nesse desdobramento”, afirma a secretária Municipal de Assistência Social de Itatiaiuçu, Ana Flavia da Silva.

FAZENDA IMPRODUTIVA E VISITA DE LULA Na ocasião da ocupação em Santa Terezinha, em 2017, o MST apontou que a fazenda estava improdutiva há seis anos. O local, que então pertencia à empresa Mineração e Metálicos S.A. (MMX), do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, foi invadido por um grupo de mulheres porque uma das pautas do MST é a luta contra a reforma da Previdência. A fazenda de Eike foi pesquisada antes de ser invadida. “Essa fazenda, simbolicamente, vem colocar para a sociedade quem de fato são os devedores”, declarou a porta voz do MST, Ester Hoffmann, na época.
Desde então o Acampamento Maria da Conceição chegou a receber até 600 pessoas, volume que diminuiu com o passar dos anos. Em fevereiro de 2018 o acampamento chegou a receber a visita do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um evento organizado pelo MST em conjunto com a Frente Brasil Popular e o coletivo Quem Luta Educa.

O local é apontado pelo MST como um dos maiores produtores de hortaliças, frutas e legumes orgânicos da região. Além disso conta com uma escola e atividades culturais, segundo o MST.