Bruno Freitas
@viuitauna
A Prefeitura de Itaúna pretende fornecer um aporte de R$ 450 mil/mês durante três meses, prorrogável por mais três meses, ao Hospital Manoel Gonçalves, após os médicos do Pronto Atendimento 24h ameaçarem greve a partir do dia 24. A proposta, que ainda será enviada para votação, foi anunciada na reunião da Câmara Municipal desta terça-feira (5). Segundo o provedor do hospital, Augusto Machado, cobre o déficit mensal da instituição – cuja dívida com bancos supera os R$ 12,2 milhões. O secretário Municipal de Saúde, Fernando Meira, defendeu que os repasses do Município para o plantão estão “rigorosamente em dia”.
Falando aos vereadores, Machado garantiu que os dois meses em atraso nos salários serão pagos nesta quarta-feira (6). O médico responsável pela Casa de Caridade Manoel Gonçalves apontou que os valores do Sistema Único de Saúde (SUS) estão defasados, o que causa desequilíbrio nas finanças.
“Tem 45 anos que trabalho no hospital e durante 36 anos dei plantão, sem receber nenhum centavo. Até então o plantão era voluntário. Nunca presenciei uma situação do hospital que fosse financeiramente saneável e folgada. Chegamos a fazer rifa de carro. Nos primórdios do hospital, ele era rico. A partir de 1988 foi criado o SUS, sempre subfinanciado”.
De acordo com o provedor, desde 2008 o teto financeiro do Manoel Gonçalves no Ministério da Saúde é de R$ 284 mil, sem reajuste. Como é remunerado de forma “insuficiente”, vem acumulando dívidas. Somente em 2021 foram feitos dois empréstimos, diz. A suspensão das cirurgias eletivas por dois anos durante a pandemia agravou a situação. A subvenção, contudo, só será suficiente para cobrir os custos do Pronto Atendimento 24h.
“Fomos o primeiro hospital a abrir as portas para pandemia na região, com 42 leitos. Desde 31 de dezembro o valor repassado pelo Governo Federal foi cortado. Piorou o fluxo de caixa. Hoje temos mais dez leitos não COVID e recebemos R$ 600 por leito/dia, enquanto o custo é de R$ 1.650/dia. O hospital não sabe quando e quanto receber. Em consequência disso houve atraso no pagamento de médicos e fornecedores, que serão quitados amanhã (hoje)”, explicou Machado, ressaltando que pediu ajuda aos prefeitos de Itaúna e Itatiaiuçu.
Meira explicou que o aporte do Município será temporário, “para dar um fôlego ao hospital” perante o déficit mensal. O secretário de Saúde afirmou que a Prefeitura de Itaúna repassa R$ 1.352.000/mês ao hospital para o Pronto Atendimento 24h, com pagamentos divididos nos dias 5, 15 e 30. Atentou ainda que a abertura dos dez leitos de COVID-19 durante a pandemia foi um legado, mas também impacta negativamente nas contas.
“Os contratos que o Município tem com o hospital não são deficitários, mas sim os valores que vem do Governo Federal. É nisso que reside o déficit. O paciente que chega para o Pronto Socorro muitas das vezes tem de ir para o CTI e aí começa o subfinanciamento do hospital”, sustenta.
HOSPITAL ESCOLA A proposta de subvenção será encaminhada em breve à Câmara, afirmou o secretário de Saúde. Meira apelou para que a sociedade entenda a situação, com envolvimento de centros de ensino para que o hospital possa se tornar um hospital escola, numa forma de aprendizado para alunos e receita para o hospital.
“Hoje do jeito que está, o hospital luta para respirar. O aporte será temporário, mas fundamental para dar um fôlego necessário. Enquanto isso outras ações estarão ocorrendo. Vão chegar emendas parlamentares, para que o hospital garanta seus serviços sem que o caos seja instalado. Em hora nenhuma o Município vai deixar o hospital na mão”, prometeu.
SAIBA MAIS:
Gustavo Mitre indica mais R$ 1 milhão em emendas para o hospital
Na segunda-feira (4), o deputado estadual Gustavo Mitre (PSC) anunciou a indicação de R$ 1 milhão em recursos de emenda parlamentar ao hospital. O recurso será depositado até junho na conta bancária do Fundo Municipal de Saúde (FMS) da Prefeitura de Itaúna, para repasse à entidade. Na presença do provedor e do diretor Administrativo, Belmiro Filho, Mitre assinou a indicação.
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