7 perguntas sobre a denúncia de compra de votos e a eleição da Mesa na Câmara

Bruno Freitas
@viuitauna

A denúncia da suposta compra de votos abalou as estruturas da Câmara Municipal de Itaúna, deixou os itaunenses irados e expôs a cidade à vergonha, na terça-feira (11), adiando a eleição da Mesa Diretora, em nova celeuma para a escolha dos cargos de presidente, vice-presidente e secretário no biênio 2019/2020.

Câmara Municipal de Itaúna. Foto: Bruno Freitas/Viu Itaúna

Anulado pela Justiça, depois de denúncias de que o Poder Executivo teria interferido na primeira votação em 19 de novembro, o pleito segue sem previsão, embora a data limite seja 31 de dezembro. Caso não haja definição até lá assumem Gláucia Santiago (PSB), a edil de maior idade na casa, ou Antônio de Miranda, o Toinzinho (PHS), vereador com maior número de mandatos. A Câmara entra em recesso em 21 de dezembro, o que, segundo o presidente da casa, Márcio Gonçalves Pinto, o Marcinho Hakuna (PSL), não é impedimento para a marcação da nova data.

Por outro lado, há dúvidas sobre o contexto dos episódios. O @viuitauna elencou algumas delas e procurou os envolvidos em busca de esclarecimentos. As respostas são reveladoras. Confira:

1. Por que o áudio em que aparecem as vozes de Pranchana, Alex Arthur, o Lequinho (PSDB), e Otacília Barbosa (PV) vazou exatamente na véspera da nova eleição da Mesa Diretora? Conforme o depoimento de Pranchana à Polícia Civil, o áudio foi gravado em 13 de novembro. Ou seja: há quase um mês.

2. Por que Lequinho entrou em contradição nas justificativas sobre o áudio? No WhatsApp o vereador reconheceu o erro e pediu desculpas, mas na reunião plenária disse que pretende provar inocência.

3. Por que o áudio que circula no WhatsApp contém diferentes versões, com cortes e edições?

4. Por que Pranchana foi prestar depoimento à Polícia Civil em Divinópolis à tarde, exatamente no horário da reunião plenária em que a denúncia foi debatida pelos vereadores?

5. Por que Pranchana não atendeu a imprensa local logo após o vazamento do áudio? Uma coletiva de imprensa seria no mínimo coerente, diante da gravidade do caso e uma vez que o vereador já indicava há dias, nas redes sociais, que faria algum tipo de denúncia.

6. Há nova interferência do Poder Executivo no caso, que também envolve as vereadoras de oposição Gláucia, Otacília e Márcia Cristina, a Márcia do Dr. Ovídio (PP)?

7. Por que Neider não se pronuciou publicamente sobre a possível compra de votos na Câmara?

Alex Arthur, o Lequinho

DEPOIMENTO Procurado pelo @viuitauna, Pranchana apresentou uma cópia do depoimento que prestou à Polícia Civil, denunciando o que alega ser um assédio para votar no grupo de Gláucia. No documento, o vereador afirma que foi procurado por Alex Arthur em 13 de novembro, na porta de casa, onde o colega teria lhe oferecido R$ 20 mil para se abster da primeira votação da Mesa Diretora, o que favoreceria a chapa de Gláucia Santiago. Pranchana sustenta que Otacília lhe ofereceu ajuda no processo de impugnação que enfrenta, desde que ele votasse em Gláucia. Otacília nega. Questionado pela autoridade policial se a gravação de 39 minutos sofreu alguma alteração, adulteração ou edição, o vereador afirma: “absolutamente não”. Ainda no documento, Pranchana nega que tenha divulgado uma mensagem e vídeo contra as vereadoras no WhatsApp e diz que compartilhou a gravação apenas com seus assessores e pessoas de confiança, por medo de represálias e uma suposta ameaça que teria sofrido.

BRINCADEIRA Lequinho alega que o pedido de desculpas no WhatsApp foi direcionado aos colegas vereadores. “Aquilo lá (o áudio contendo a denúncia) foi uma brincadeira, uma palhaçada que o Pranchana fez. Hora nenhuma aqui lá foi uma coisa séria”, explicou, por telefone.

SEM INTERFERÊNCIA Neider afirma que a denúncia é um assunto que diz respeito à Câmara e ao seu grupo opositor. “Se for procurado pela mídia, vou dar minha opinião. Evidentemente, eles (vereadores denunciados) estão enrascados”, sugere. Sobre uma possível interferência do Poder Executivo na nova eleição da Mesa, o prefeito de Itaúna rebateu com uma nova pergunta. “Com base em que? Enquanto estão metidos com isso, estamos trabalhando. As máscaras vão caindo.” Por fim, Neider nega qualquer envolvimento na denúncia de Pranchana. “Pura elocubração… Este é um problema do Poder Legislativo. No Executivo, já chega esse governador… (Fernando Pimentel, do PT)”, encerra.

2 thoughts on “7 perguntas sobre a denúncia de compra de votos e a eleição da Mesa na Câmara

  1. “Com base em quê?”
    Com base num vídeo de um almoço no Carretão Gaúcho Contagem em 19/11/2018 onde Neider almoça com vários vereadores, inclusive alguns que mudaram de voto depois deste encontro.

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