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A agitação do pré-Carnaval no último final de semana deu o tom do que promete ser a maior folia dos últimos anos em Minas Gerais, onde são esperados cerca de 10 milhões de foliões. Depois de dois anos de isolamento devido à pandemia e muita ansiedade, a festa do momo movimenta e impulsiona os setores de eventos, serviços, hotéis, bares, restaurantes e a economia informal no Estado, segmentos que estão investindo e apostam na expansão das vendas, lucros maiores e mais oportunidades de emprego e renda.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) prevê a injeção de R$ 1 bilhão na economia mineira e geração de 9 mil postos de trabalho só na capital. Alguns autônomos já projetam também ganhos superiores a 500% em relação a um simples final de semana.
Carmo Francisco Conrado Júnior, o Conrado, dono de um food truck, teve que se reinventar na pandemia e se adaptar ao mercado de delivery de uma grande rede do comércio on-line para não ficar sem a renda mensal.
“O pessoal está entusiasmado e carente de festas. Minha expectativa é de aumentar bastante as vendas e faturar entre R$ 18 mil e R$ 20 mil nos quatro dias do Carnaval”, aposta.
Em um final de semana com evento, Conrado chega a faturar cerca de R$ 3 mil com a comercialização de hot-dog, hambúrguer, tropeiro, macarrão na chapa e batatinha em cone. No último final de semana, ele já percebeu no caixa o potencial do Carnaval deste ano nas festas em cidades vizinhas a Belo Horizonte, como Pedro Leopoldo, Confins, Vespasiano e Divinópolis.
CARNAVAL EM MINAS
- 75% dos comerciantes, prestadores de serviços e da rede hoteleira estão otimistas com a festa do momo
- 54% dos comerciantes da capital esperam boas vendas
- 20% de aumento nas vendas são projetados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) para o setor em Minas Gerais
- 9,2 mil é a previsão de empregos diretos e indiretos gerados
Segundo o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, a expectativa é bastante positiva tanto para os comerciantes como para o setor hoteleiro, após dois anos de demanda reprimida. Silva prevê a injeção de R$ 1 bilhão na economia mineira, sendo R$ 700 milhões em BH. “As pessoas estão ansiosas para curtir a festa. Este retorno vai estimular o consumo em bares, restaurantes, lojas de fantasias, aviamentos, maquiagens. Há uma expectativa positiva também de geração de empregos no interior do estado. Temos certeza que a festa vai trazer fôlego para a economia, gerar renda e postos de trabalho”, afirma.
DESTINOS PROCURADOS NO INTERIOR Karla Rocha, conselheira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas, aponta que muitos turistas estão procurando as cidades como destinos do interior. “É um evento que move toda uma cadeia de profissionais, desde ambulantes, passando por nós, donos de bares e restaurantes, até o setor de eventos, que também fatura com as festas privadas”. O setor hoteleiro em Minas também aposta em uma expansão durante a festa. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH/MG), a expectativa é de crescimento de 10% na taxa de ocupação dos estabelecimentos neste ano em relação a 2022. No ano passado, a ocupação no setor alcançou a casa dos 70% e a projeção para este ano é chegar aos 80%.
“O povo está de volta às ruas e sedento de farra. Em 2021, não tivemos absolutamente nada. Em 2022, o Carnaval de rua não aconteceu e tivemos poucos eventos privados. Mas neste ano, está todo mundo de volta, animado, e com a expectativa de que o Carnaval volte maior do que era”, afirma o percussionista Luiz Cristhovam Cesário Ladeira, o Totove Ladeira, que toca nos grupos Zé da Guiomar e Trem das Onze. Ele aposta nos serviços de freelancer para aumentar a renda nesta época do ano. “O que faturo durante a festa, normalmente é o que eu ganho em um mês inteiro”, acrescenta Totove, que nos quatro dias da festa carnavalesca fará seis apresentações.
VENDA DE ABADÁS Fernanda Costa Souza, que mora no bairro Ipê, em BH, aproveitou a conta que tem no Instagram, que criou recentemente para a venda de abadás para o show de um dos maiores ícones do mundo sertanejo, para garantir também um ganho extra. Com a comercialização de fantasias em geral, brincos, plaquinhas, arquinhos, pulseiras, brilhos, pochetes e vários outros apetrechos, conseguiu mais que triplicar as vendas na última semana, com o faturamento saltando de R$ 300 para R$ 1 mil.
“Nunca mexi com isso, é a primeira vez. O que eu não conseguir vender até sábado (18), vou vender nos bloquinhos de Carnaval, na rua mesmo. O povo está animado, ficou muito tempo sem festa. Minhas vendas estão crescendo a cada dia”, conta Fernanda, que também faz customização de abadás e já planeja o lançamento de novos produtos para injetar no mercado para garantir mensalmente um ganho extra. (com informações da Agência Minas)
E MAIS…
Carnaval deve movimentar R$ 8,18 bilhões em receitas no país
Levantamento recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o Carnaval deste ano deve movimentar R$ 8,18 bilhões em receitas no país, expansão de 26,9% em relação a igual período do ano passado. Três segmentos devem girar 85% dessa receita: bares e restaurantes, com movimentação esperada de R$ 3,63 bilhões, transporte de passageiros (R$ 2,35 bilhões) e serviços de hotelaria e hospedagem (R$ 890 milhões). O restante ficou com empresas de lazer, cultura e outros segmentos, como aluguel de veículos e agências de viagens.