Dois anos após enchente, moradores se sentem inseguros e questionam obras no Rio São João

Carla Corradi
@viuitauna

A enchente que atingiu Itaúna e deixou centenas de famílias desalojadas em 2022 completou dois anos. À época, bairros como Nova Vila Mozart, Sion e São Judas Tadeu tiveram áreas alagadas. Em junho do mesmo ano teve início a operação de limpeza e desassoreamento do Rio São João. Ao todo eram previstos R$ 8 milhões para melhorias em Itaúna. Apesar das obras realizadas, moradores das áreas que foram inundadas criticam o resultado das ações executadas pela Prefeitura.

Residente no bairro Nova Vila Mozart, Tatiana Cunha, de 44 anos, diz ainda temer inundações. Para ela, não foi realizada nenhuma melhoria para o bairro e os demais que foram atingidos. A situação da Rua Raimundo de Almeida, avalia, ficou “pior do que já estava”.

“Como se sentir seguro, se a cada chuva nossas ruas transbordam? Se o prefeito, juntamente com o setor de Infraestrutura realmente quisessem nos ajudar e resolver o nosso problema… Eles têm a solução! Mas infelizmente não é com a população que eles se preocupam. Perdemos muito com as duas últimas enchentes e nada foi feito”, desabafa.

Para Tatiana, houve desorganização e descaso na distribuição do auxílio enviado pelo Governo do Estado, por meio do Recupera Minas. O plano destinou uma verba de R$ 1,2 mil para cada pessoa desabrigada ou desalojada no período de 1º de dezembro de 2021 a 17 de janeiro de 2022 em 219 municípios mineiros, incluindo Itaúna. A moradora enfatizou ainda que durante a enchente os moradores não tiveram auxílio dos órgãos públicos.

“Ninguém apareceu aqui para prestar nenhum tipo de socorro, ajuda, auxílio… Nada!”, afirma.

A líder comunitária Simone Alves de Oliveira, de 47, também moradora do Nova Vila Mozart, avalia que as obras realizadas no Rio São João não podem ser consideradas melhorias. Ela também teve a casa inundada, amargando prejuízo. Segundo ela, ninguém prestou auxílio e “melhorias, não houve”.

“A enchente danificou a casa, móveis e eletrodomésticos. Fizeram obras no Rio São João, mas não me sinto segura porque a obra foi mal feita”, alerta.

Margens do leito do Rio São João estão tomadas por mato e lama, após retirada de árvores

Já João Custódio Silverence, de 41 anos, morador de um condomínio no bairro de Lourdes, recorda das orientações da Defesa Civil. O cidadão diz que foram feitas várias solicitações aos órgãos públicos, junto à Prefeitura e à Defesa Civil.

“Compareceram algumas vezes ao local, mas o único auxílio que tivemos foi a orientação para sair, deixar o local e se abrigar em casas de parentes ou amigos”, conta.

Silverence também critica as obras de desassoreamento no leito do rio.

“Fizeram a limpeza do Rio São João e a retirada das árvores que tinham no leito. Não vi muita diferença, até porque as margens do rio ficam muito sujas com a nova vegetação que foi plantada no local onde tinham as árvores”, aponta.

SEM RESPOSTA A Prefeitura de Itaúna foi procurada pela equipe do @viuitauna, por meio de sua assessoria de Comunicação e do secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços, Rosse Andrade. Contudo, não houve resposta até o fechamento desta matéria.

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