Entrevista: Léo Alves da Rádio, carnavalesco eleito – “O setor está desesperado, mas não é hora de festas”

Bruno Freitas
@viuitauna

Candidato em 2016 pelo PP, o promotor de eventos e radialista Leonardo Alves dos Santos, o Léo Alves da Rádio, conseguiu se eleger à Câmara Municipal com 293 votos neste ano, graças à distribuição de votos do partido, o Podemos. Um dos organizadores do Carnaval de Itaúna, coordenando o bloco Sertanejeiros, o novo vereador defende a continuidade do distanciamento social até que se tenha a vacina contra a COVID-19. “Trabalho com eventos e sei que o setor está desesperado. Mas não adianta passar o carro na frente dos bois”, aponta.

Também ex-assessor de Gustavo Mitre (PSC), com quem continua trabalhando voluntariamente até o fim de dezembro, Alves agrega o grupo do deputado estadual no Poder Legislativo, fortalecido pela reeleição de Márcia Cristina, a Márcia do Dr. Ovídio, e a entrada de outro ex-assessor, o ex-secretário Municipal de Esportes Gustavo Barbosa – ambos do Podemos.

Com experiência de 23 anos na política local, Léo da Rádio afirma ainda que pretende contribuir com as áreas do Esporte e da Saúde na cidade. Confira a entrevista ao @viuitauna:

Você também disputou uma vaga na Câmara em 2016. Qual foi a grande diferença da eleição deste ano?
Na eleição de 2016, como haviam as coligações, tive 281 votos e não passei nem perto de ser eleito. Em 2020 estudei os partidos. Estava filiado ao Patriota e concluí para ser eleito, necessitaria de 600 votos. Então decidi que não seria candidato. Surgiu o Podemos e a proposta era de que o partido elegeria um vereador com menor votação. Fiz o trabalho, corri atrás, nas redes sociais e conversando com as pessoas, sendo eleito com 293 votos. A legislação mudou, dando a oportunidade para quem não tem tanto poder aquisitivo e campanhas com muitos recursos. Entrei nesta sobra e com certeza faremos um trabalho. Os últimos serão os primeiros.

Como a sua experiência no rádio e em eventos poderá contribuir no Poder Legislativo?
Trabalhei na Câmara no último ano como assessor do Gustavo Mitre. Mas também já trabalhei no Poder Executivo, como diretor de Iluminação Pública, professor de informática da Terceira Idade, na Secretaria Municipal de Assistência Social, além da Educação. Há 26 anos trabalho com eventos na cidade. Na área social, sem mandatos, fizemos muitos eventos para arrecadar alimentos e ajudar as pessoas. Com o mandato também pretendo trabalhar nas áreas de Esportes, que gosto, e Saúde, que a gente vê muita necessidade da população. São muitas ideias de projetos. Quero fiscalizar. Toda a minha experiência de vida vai somar no mandato.

Os vereadores tem sido questionados por denúncias envolvendo assistencialismo, como fura fila do SUS, além de rachadinha. Qual a sua opinião a respeito?
Acho um absurdo. Na rachadinha, a pessoa que está trabalhando para você, dedicando o seu mandato, e você pega dinheiro daquela pessoa? Não concordo com o fura fila do SUS e inclusive tenho um projeto para a Prefeitura apresentar a lista de marcações de exames e cirurgias. A população saberia assim em que posição estaria na fila de procedimentos. Me parece que há um projeto (de autoria de Marcinho Hakuna) que já foi aprovado (em novembro de 2017). Tem de cobrar, fiscalizar do prefeito, para que ele possa colocar em prática. Esse assistencialismo não pode existir na política. O povo não é bobo e está vendo. Temos de fazer um trabalho com projetos e ideias novas. Tenho ideia, por exemplo, de levar os remédios da Farmácia Básica na casa dos idosos. São medicamentos de uso contínuo.

Outra cobrança, inclusive do Ministério Público, é em relação a ex-assessores fantasmas. Como a Casa poderá dar uma resposta para a sociedade?
Já avisei as pessoas que trabalharão comigo que será em tempo integral. Vamos trabalhar da manhã à tarde. Não pode existir dinheiro público gasto com funcionário fantasma. Tem de haver uma fiscalização maior. Eu, como vereador eleito, também pretendo fiscalizar o Legislativo. Vou cobrar e ficar em cima de saber quem é funcionário, onde está, se está trabalhando e o que está fazendo. Tem de ter respeito com o dinheiro público. Somos nós que pagamos os assessores. Então, se estão recebendo, eles tem de estar trabalhando.

A população cobra oportunidades de crescimento e emprego. Qual a sua visão da cidade hoje?
Itaúna ficou para trás nesta questão de empregos. Por exemplo, em Divinópolis há a confecção, Nova Serrana a indústria do calçado. E Itaúna? Qual é o nosso forte? Não tem. Antes os políticos não deixavam outras empresas vir para a cidade, não deixavam a cidade crescer. O prefeito tem de fazer um trabalho para atrair as empresas e gerar emprego para a população. Itaúna está próxima de Belo Horizonte e da rodovia Fernão Dias.

Leo Alves, em entrevista à TV Cidade Itaúna no último dia 1°

Sobre a crise da COVID-19, como Itaúna poderá apresentar soluções?
Os casos tem aumentado e temos ficado preocupados. A população cansou, mas tem de continuar usando máscara e álcool em gel. Trabalho com eventos e sei que o setor está desresperado. Imagine quem antes ganhava de R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês e hoje tira R$ 600 com o auxílio (emergencial) do governo. Mas não adianta passar o carro na frente dos bois. Tem de esperar a vacina sair para as coisas voltarem a acontecer. A Prefeitura terá de tomar uma atitude mais drástica. Não acho que tem de fechar o comércio, senão vai ficar pior ainda. Mas a população tem de ser conscientizada, evitar aglomerações, para a gente poder sair dessa mais forte lá na frente. A Prefeitura tem de divulgar mais isso. Os jornais, a TV também. É muito triste uma vida ser ceifada pela doença. Não é hora de se fazer festas. O vírus pode chegar na sua família ou pessoa próxima.

Sua atuação é próxima de Gustavo Mitre, bem como outros dois vereadores eleitos. Pretende trazer emendas do deputado? Como será a relação a partir de agora?
Tudo que puder fazer para beneficiar a população itaunense, eu vou fazer. O Gustavo já tem um trabalho destinando a maioria das emendas para Itaúna, tendo um carinho enorme pela votação expressiva que sempre teve aqui. Por isso foi eleito. Pretendo ter mais parceiros também, um deputado federal, para poder ajudar com emendas.

Até assumir a cadeira, em janeiro, você continua assessor de Mitre ou já deixou o gabinete do deputado?
Estarei no gabinete como voluntário até o fim de dezembro. Na verdade fui exonerado em 13 de agosto. O deputado perguntou se queria voltar. Disse a ele que iria, mas como voluntário.

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