Coluna Ponto de Vista – 3 de agosto de 2019

*Bruno Freitas

PEDE BENÇÃO A praticamente um ano das eleições, a Câmara, hoje de maioria aliada, tem votado sucessivos projetos de lei apresentados pelo prefeito Neider Moreira (PSD). Foi assim nas reuniões extraordárias de julho, com PLs de concessão de terrenos à empresas (20 nos quatro primeiros meses do ano), novo empréstimo de R$ 13 milhões para mais para asfaltamento nas ruas – mesmo com o contrato anterior sub suspeita –, e também na última quinta-feira (1°), com a aprovação por 10 a 4 da polêmica isenção da Taxa de Uso e Ocupação à festa Funeral da Porca. Da Lua (PSDB) não compareceu, Giordane Alberto (MDB) sumiu na hora da votação e Alexandre Campos (MDB), presidente da Mesa Diretora, não votou. A concessão divide a opinião dos cidadãos, pelo caráter privado (e milionário) da festa. Como justificativa, políticos e organizadores apresentaram números para o retorno ao fomento turístico e sócio econômico da cidade.

PEDE BENÇÃO (2) Também foram aprovados na reunião extraordinária (a quarta, em um mês) de quinta-feira projetos para terraplanagem da expansão da Belgo Mineira Bekaert (BMB), empréstimo de mais R$ 3 milhões junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A (BDMG) para obras de asfaltamento (de novo) e alteração da redação do reparcelamento de R$ 1.996.959,33 do Instituto Municipal de Previdência dos Servidores Públicos (IMP).

PEDE BENÇÃO (3) Os empréstimos do atual governo, alerta o ex-prefeito e oposicionista Antônio de Miranda, o Toinzinho (PHS), já esbarram nos R$ 39 milhões. Somente 60% da dívida (R$ 23 milhões) com o Município estão garantidos no acordo firmado com o Estado, que prevê pagamentos a partir de janeiro. Itaúna tem pendente as prometidas conclusões das obras do novo Centro Administrativo e da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do SAAE que, pelo visto, sairão às vésperas das eleições de 2020. Quem assumir a cadeira terá uma batata quente financeira em mãos.

COBRANÇA Agora, os Poderes Executivo e Legislativo serão cobrados pela isonomia da taxa para outros eventos particulares. A turma do Carnaval, que pede incentivos, que o diga.

AÇÃO E REAÇÃO A crise institucional que se instalou sobre o Poder Legislativo é reflexo da atuação dos próprios parlamentares, que se esqueceram de legislar pensando no bem comum e demandas prioritárias de Itaúna, como saúde, educação, oportunidades palpáveis para o povo, além de prometidos empregos, para atender interesses apresentados pelo Poder Executivo. Em era das redes sociais, tudo é transmitido online. Manobras políticas já não funcionam como antes. A reação popular tem sido extremamente negativa.

REFLEXÃO Concordo e apoio todo tipo de empreendedorismo. Mas para tudo, há de se ter bom senso e equilíbrio.

MÁXIMA “O povo necessita de pão, mas também necessita… é… de lazer, né?”,
Vereador Hudson Bernardes (PSC), justificando posição favorável a isenção da taxa.

FILANTROPIA De uma hora para outra pipocaram na mídia e redes sociais doações filantrópicas em Itaúna. Mas onde estão as fundações, institutos, e projetos sociais mantidos regularmente pelos grandes empreendedores locais? Pergunta já feita anteriormente pela coluna e até hoje não respondida.

BOA IDÉIA Quando quiser defender a sua ideia, por mais questionável que ela seja, leve meia dúzia de amigos e ocupe um auditório com palmas.

PALMAS SOLITÁRIAS Só não passe a vergonha de bater palmas sozinho aos aliados, como sempre faz uma polêmica dupla de figuras itaunenses.

DESSE JEITO A austeridade é uma das atuais bandeiras da política em todo o mundo, incluindo o Brasil, pelo menos no início do governo Bolsonaro. Em Itaúna, não há nenhuma ação nesse sentido, pelo contrário. Nas ruas, nossa terra hoje esbanja ostentação. Com tanta desigualdade social, pobre Itaúna.

*Jornalista, 34, itaunense, editor do @viuitauna, com passagens pelos jornais Estado de Minas, Agora São Paulo e Gazeta do Oeste; assessor de comunicação e imprensa da CNH Industrial

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