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Depois de a Prefeitura voltar atrás na flexibilização e restringir a realização de cultos para até 30 pessoas, a classe evangélica de Itaúna reagiu. Neste sábado (30), pastores da Igreja Batista Betel repudiaram a ação civil pública do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que determina ao Município seguir a Deliberação nº 17 do Comitê Estadual Extraordinário COVID-19. Em vídeos postados na página da igreja no Facebook, líderes religiosos conclamaram os fiéis a participar de um Drive Culto nesse domingo (31).
Embora já tenha sido realizado em pelo menos outras duas ocasiões, afirma ao @viuitauna a líder da Igreja Batista Betel, a ex-vereadora Vanda, o evento em uma pedreira do bairro Morro do Sol contraria o decreto n° 7.156, que mantém a proibição de quaiquer eventos públicos ou particulares na cidade. Frequentado para orações, o local é uma área do Município.
Vanda justifica o Drive Culto alegando que as igrejas evangélicas já não sabem mais o que fazer, em meio às restrições da quarentena, e os fiéis “não podem parar de orar”. Na avaliação da líder religiosa, a limitação de pessoas nos templos inviabiliza a realização dos cultos. Somente a equipe da igreja conta com 16 pessoas, diz.
“Andar de carro todo mundo pode. Ninguém vai ter contato com ninguém. O carro não pega COVID-19. O pastor fala e a gente faz com a janela aberta. Fizemos (o Drive Culto) na semana passada, embaixo de chuva. Temos a necessidade de orar junto. Na nossa igreja cabem quase duas mil pessoas. Belo Horizonte, com muitos mais casos, tem cultos liberados. Isso é muito complicado. O prefeito não tem voz contra o judiciário, nós também não”, reclama Vanda, explicando que não pretende se candidatar novamente à Câmara Municipal.
“Já fizemos o culto andando pela rua. Não é só a nossa igreja. As igrejas estão procurando uma solução, como os restaurantes fizeram com o delivery. Nós estamos vivendo uma ditadura? Não sei quem está mandando mais. Estamos vivendo uma pandemia de autoridades”, acrescenta a pastora.
O QUE DIZ A LEI Publicado no último dia 23, o decreto n° 7.156 da Prefeitura de Itaúna autoriza a realização de cultos e missas de até 50 minutos de duração na cidade, com cinco minutos dedicados à entrada e cinco minutos à saída de fiéis, evitando aglomeração de pessoas, com controle de acesso e estabelecimento prévio de capacidade. Além disso, o texto aponta a obrigatoriedade de máscaras de proteção e afixação, em local visível na entrada do templo, de cartaz informando a capacidade do número de frequentadores, com ingresso controlado por meio de senha, além de alcool gel, sabonete líquido e toalhas descartáveis nos banheiros.
A liminar do MPMG, acatada pela 2ª Vara Cível de Itaúna, determina ainda que a Prefeitura fiscalize as atividades diariamente, inclusive durante o período noturno e finais de semana, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
OUTRO LADO A Prefeitura de Itaúna diz em nota que não impedirá a realização do Drive Culto. De acordo com a Procuradoria, o evento não está previsto em lei, apesar de o último decreto manter a proibição. “Não há como impedir as pessoas de ir a algum lugar de carro e permanecer dentro dos veículos”, diz o Município. O MPMG não se manifestou a respeito.
A flexibilização dos templos ocorreu depois de pressão de pastores evangélicos na Câmara. O projeto de lei 46/2020 de autoria dos vereadores Alexandre Campos (DEM) e Giordane Alberto (PV), propunha a classificação das atividades de cunho religioso como essenciais em períodos de calamidade pública. O texto chegou a ser colocado em pauta em 19 de maio, mas acabou suplantado pela flexibilização anunciada pelo Poder Executivo.
Assista aos vídeos dos pastores da Igreja Batista Betel:
SAIBA MAIS
Drive Culto foi interrompido pela Vigilância Sanitária em Divinópolis
Em Divinópolis, o vereador Marcos Vinícius (PROS) foi conduzido à delegacia, em 1º de maio, após realizar um Drive Culto em via pública, desrespeitando um decreto municipal com medidas de combate à COVID-19. Inicialmente o evento estava programado para ocorrer no Parque de Exposições. A Prefeitura de Divinópolis afirmou ter recebido diversas denúncias, alertando o Sindicato Rural sobre a proibição. Uma equipe da Vigilância Sanitária foi designada a ir a uma rua onde o evento foi realizado, sendo constatada a presença de uma grande quantidade de pessoas.