Aterro no João Paulo II “não dá conta” de receber resíduos e bota-foras irregulares se multiplicam

@viuitauna

Com o encerramento do aterro do Parque Jardim, fechado em 4 de outubro atendendo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o descarte de resíduos da construção civil em Itaúna passou a ser feito em área da empresa Diskentulho, no João Paulo II. O terreno é alvo de reclamações de moradores, que dizem estar se transformando em um “novo lixão”, fato agravado em outros bairros como Piedade e Jadir Marinho, pela ação de bota-foras irregulares – com riscos à saúde e ao meio-ambiente.

A reportagem esteve no João Paulo II no último dia 3 e constatou que o aterro acumula desde sofás à eletrodomésticos, em meio a uma pilha de lixo que cresce a cada dia. Esquecido pelo poder público, o bairro foi alvo de promessas de candidatos nas últimas eleições, mas problemas como a falta de um acesso pela MG-050, que só vira em 2024, como mostrou o @viuitauna, continuam.

Em outubro do ano passado, os caçambeiros reclamaram não ter onde descarregar materiais de construção civil em Itaúna, diante do “alto preço” cobrado pela empresa que presta o serviço. O TAC firmado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) estabelece um prazo de três anos para a devolução do aterro do Parque Jardim ao Município, mas a recuperação ambiental poderá levar décadas devido ao passivo deixado pelo antigo lixão.

Reportagem constatou que local acumula desde sofás à eletrodomésticos: pilha cresce a cada dia

Em entrevista ao @viuitauna por telefone, o proprietário do Diskentulho, Rodrigo Aparecido Antunes, reconhece não dar conta de separar os resíduos no aterro, licenciado por último pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). Segundo ele, falta educação da população, que não sabe utilizar corretamente e as caçambas, e a concorrência irregular teria diminuído a sua demanda. O empresário alega tomar medicamentos, diante de tanta “amolação” por causa da falta de um entendimento entre os caçambeiros em Itaúna.

De acordo com a Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é responsabilidade do gerador a destinação de resíduos oriundos da construção civil.

“Estou tendo uma amolação lascada, que não é minha. É de Itaúna. Fechou lá (no Parque Jardim). Qualquer lugar que tiver de trabalhar com entulho vai ter esse tipo de problema. Tem de reciclar, mas não tem como repassar o custo, porque o negócio está difícil demais. Não está tendo lugar para descartar. Aqui em Itaúna ninguém leva a coisa a sério”, reclama Antunes.

Com três funcionários trabalhando na separação dos materiais, o empresário diz que adquiriu máquinas para britagem e peneiragem, mas ainda não começou a utilizá-las. Antunes afirma ainda que encomendou uma esteira, para seleção dos resíduos. A respeito das reclamações de moradores, ele sustenta que o aterro não afeta uma mina d’água existente no bairro.

REGULARIZAÇÃO POR OBRA “Tenho pessoal fazendo seleção, mas por mais que faça, para ficar perfeitinho, tem de fazer que nem uma mineração, parar tudo. A população precisa se educar. Jogam lixo na caçamba. Não adianta. Estou trabalhando de artista com salário de bandido. Tento de todas as maneiras melhorar o preço das caçambas”.

Como solução, Antunes sugere que a Prefeitura exija nota fiscal de destinação de entulhos para a regularização de cada obra na cidade.

Empresário diz ter sido multado em R$ 7 mil por fogo ateado em caçamba em terreno no Padre Eustáquio. Foto: Reprodução/TV Cidade Itaúna

OUTRO LADO Em busca de respostas, o @viuitauna procurou a Prefeitura de Itaúna desde 4 de fevereiro, porém ainda não obteve retorno. Tão logo se manifeste a matéria será atualizada.

Em janeiro, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), órgão responsável pelo aterro do Parque Jardim, divulgou visita técnica em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, para conhecer o plano de beneficiamento e reaproveitamento do resíduo da construção civil. O programa tem como objetivo, segundo a autarquia, reaproveitar os materiais em obras da Prefeitura. Uma nova visita está agendada ainda em fevereiro, em Jundiaí (SP).

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