Presidente da CDL Itaúna repudia listas de boicote a comerciantes; grupo de direita nega envolvimento

@viuitauna

A disseminação via WhatsApp de listas de boicote a comércios de Itaúna, acusados de apoiar o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições, foi repudiada pelo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Itaúna), Maurício Nazaré, que classificou a atitude como de perseguição, radical e isolada. Para Nazaré, o comportamento não condiz com a comunidade itaunense, que para ele “tem pensamento livre, consciente e respeitoso”. A CDL Itaúna emitiu nota de repúdio dizendo desconhecer a autoria das mensagens, alertando que a ação configura crime e pode ser investigada. O movimento político Direita Itaúna nega envolvimento. A Polícia Civil diz não ter recebido representação de queixa ao longo da semana.

Entre as empresas alvo das mensagens está um laboratório que tem como sócio um eleitor de Lula, que gravou um vídeo de apoio, compartilhado nas redes sociais no fim de semana. Por outro lado, outro sócio da mesma empresa respondeu esclarecendo que vota no candidato Jair Bolsonaro (PL). São apontadas ainda nas listas e suas diversas versões empresas que apoiariam Bolsonaro e teriam sido inseridas propositalmente.

Ao @viuitauna, o presidente da CDL Itaúna afirmou na manhã de terça-feira (18) que tem como posição pessoal a candidatura de Bolsonaro. Contudo, ressaltou que repudia ações de censura e perseguição a quem diverge de pensamentos, acreditando que o caminho “sempre será o diálogo e respeito a livre expressão de forma harmoniosa”.

“Minha posição pessoal é de apoio ao candidato de direita, por entender claramente que seu projeto de governo é melhor para o Brasil. Diante do exposto, cumprirei meu exercício de cidadão, votando não na pessoa do presidente Bolsonaro, mas no projeto daqueles que compõe sua equipe de governo, visando uma perspectiva otimista para o futuro”, argumenta.

Comércios de Itaúna tem sido alvo de mensagens desde segunda-feira (17); Polícia Civil diz que não recebeu representações de queixa. Foto: Divulgação/Arquivo Prefeitura de Itaúna

A respeito da posição da CDL Itaúna, Nazaré disse que a entidade preconiza a isonomia política partidária e defende os interesses dos associados, independente de religião, etnia, gênero e posição política. Desta forma, visa a garantia do estado democrático de direito, a livre expressão e respeito a pluralidade de seus associados. Portanto, acrescentou Nazaré, a entidade repudia atitudes de perseguição como visto nestas listas.

“Aproveito para lembrar aos autores que tal ação configura crime e poderá ser alvo de investigação e punição pelos órgãos competentes”, afirma o presidente da CDL Itaúna.

DIREITA ITAÚNA NEGA ENVOLVIMENTO Depois da repercussão do caso na imprensa de Itaúna na terça-feira, o representante do Direita Itaúna e ex-candidato a prefeito nas eleições de 2020, Emanuel Ribeiro, procurou o @viuitauna negando envolvimento do movimento político com as mensagens. Ribeiro criticou a cobertura dada por jornais apontando a direita como responsável pelas listas e avaliou as mensagens de boicote a comerciantes como “crescimento orgânico”. Isso porque a divulgação teria começado na segunda-feira (17) e na terça, diz, a lista já teria triplicado de tamanho.

“No grupo Direita Itaúna não apareceu essa lista. Ou seja: nenhum integrante do grupo a republicou no grupo. Apenas houve comentários sobre. E posteriormente um debate sadio sobre ela e qualquer possibilidade de ser crime ou não”.

O bolsonarista comparou a situação com listas de “mais chato”, “mais corno” e “mais piranha”, divulgadas há alguns anos em Itaúna e que viraram caso de polícia. “Essas listas de repasse não são sequer confiáveis. A origem então, nem se fala”. Ribeiro discordou ainda que a situação possa ser classificada como crime, sendo considerada “direito de expressão”, e emitiu nota em nome “da maioria de direita” de Itaúna – leia mais a seguir.

“Definimos que não é crime. É errado, do ponto de vista do grupo, mas crime, não é. Direito de expressão”, avalia.

HISTÓRICO DE REGISTROS Procurada pela reportagem, a Polícia Civil afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não registrou representação sobre as mensagens nesta semana. Conduto, o órgão não soube informar quantos casos foram registrados sobre os episódios envolvendo as listas anteriores.

NOTA DA CDL ITAÚNA:

“A CDL Itaúna recebeu nos últimos dias, relatos sobre possível movimento de boicote nas redes sociais a empresas do município de Itaúna, por se posicionarem politicamente em favor de determinado candidato a presidência da república no atual pleito. Desconhecemos a autoria desta ação, a repudiamos veementemente e informamos que tal ação configura crime e pode ser investigada e serem punidos os autores pelas autoridades competentes. Reafirmamos que o pensamento livre e consciente é fundamental para o debate e a construção de um diálogo em prol de uma sociedade melhor.

Tal situação não condiz com o espírito de comunidade em que todas as opiniões devem ser respeitadas. Portanto, condena possível boicote a qualquer empresa por simplesmente ter expressão de seus sócios acerca das convicções políticas. A CDL Itaúna informa que a posição política de seus dirigentes é exclusivamente particular e livre, não representando, portanto, a entidade, que tem como fundamento básico a isonomia político partidária e não compactua com ações que possam criar um ambiente separatista, pois defende os interesses de todos os seus associados de forma igualitária, com equidade, razoabilidade e boa-fé, independente de posição político partidária.

A entidade deseja a todos os associados e a comunidade itaunense, que a harmonia e o pensamento de união para o bem da sociedade possa ser a tônica desta e das demais eleições”.

NOTA DO DIREITA ITAÚNA:

“Os coordenadores do Grupo Direita Itaúna vêm a público esclarecer que “a Direita de Itaúna” não orienta boicote a ninguém, muito menos tenta coagir qualquer pessoa. Embora tenhamos a liberdade de expressão e as escolhas individuais como premissas básicas de uma sociedade democrática, institucionalmente, nenhum “grupo de direita” da cidade de Itaúna tomou qualquer iniciativa neste sentido. Reconhecemos que não podemos falar por toda a direita; mas falamos pela maioria, com a devida anuência de coordenadores dos principais grupos da cidade. Somos vários grupos de voluntários em busca de aprimoramento e promoção do debate de ideias. Nosso objetivo é a convergência dos resultados destes debates em mais eficiência e mais transparência na gestão pública. Estamos envolvidos na política atual sim e o fazemos em todos os âmbitos, sobretudo no municipal. Defendemos a liberdade, a ética e a moral, mas também promovemos o conservadorismo e os valores cristãos nas relações sociais e governamentais. Entendemos que o indivíduo tem todo o direito de não querer depositar o seu voto em políticos, bem como não investir o seu dinheiro em relações comerciais que não compactuam com sua própria identidade social, como bem prevê o artigo 5° da constituição federal de 1988.

Hoje em dia qualquer pessoa na internet e nas redes sociais “tem voz”. Qualquer jornal ou veículo que tente calar uma voz sequer que seja, caracteriza tentativa de censura e intimidação. E antes que qualquer jornal ou instituição tente “criar narrativas” ou “ditar regras” inexistentes, salientamos que é exatamente assim que funciona o mercado, conforme comprova farta literatura: “O boicote é o ato do consumidor deixar de consumir um produto, serviço ou marca, em função de discordar de uma atitude ou conjunto de atitudes e ações de uma determinada empresa ou representante.” (FRIEDMAN, 1999; KLEIN; SMITH; JHON, 2004; KOKU, 2011; SOULE, 2009).

19/10/2022 – Emanuel Ribeiro e Lincoln Dionísio,
coordenadores do Grupo Direita Itaúna, o grupo mais antigo da cidade”

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