Carla Corradi
@viuitauna
Excesso de carros nas ruas, poucas vagas de estacionamento, ausência de opções de baixo custo para o deslocamento diário ao trabalho. Resultado: um verdadeiro nó em ruas estreitas em horários de pico, principalmente no Centro da cidade. A medida que Itaúna cresce, os desafios relacionados à mobilidade só aumentam. Aliadas do lazer de muitos itaunenses, as bicicletas são uma boa opção para utilização sustentável, em meio aos entraves estruturais da cidade, e a Prefeitura estuda a implantação de um projeto nesse sentido.
Apesar do potencial ciclístico, o trânsito para quem anda de bike em Itaúna não é seguro, avalia o servidor público Jean Carlos Teles. Vias como as avenidas Jove Soares e São João, diz ele, deixam a desejar na segurança de quem opta pelo veículo de duas rodas. “Infelizmente, alguns trechos desses aí não há segurança”, diz.
Teles opina que é importante a cidade se atentar para a necessidade de ciclovias e ciclofaixas em um futuro próximo. A limitação fica evidente quando as principais vias que cortam a cidade não tem planejamento para implantação de faixas exclusivas.
“Não é só na nossa cidade. A gente também sabe que em outros lugares há esse déficit, essa dificuldade. Mas é preciso pensarmos bastante nisso para trazer mais segurança. Nas vias que são possíveis ainda, talvez o caminho que liga a cidade com a comunidade rural dos Campos possa ser pensada uma ciclovia ou uma ciclofaixa”, afirma Teles, apontando para uma rota já utilizada por trilheiros.
Outra opção de implantação é a extensão da Av. São João, que corta diversos bairros residenciais.
“Mesmo que a gente não consiga com muito êxito alguns trechos aqui na cidade, que a gente já comece a pensar no futuro, novos bairros, alguma mudança que for ser feita no trânsito, pensar pelo menos na ciclofaixa, porque a ciclovia exige um investimento maior”.
O servidor participa de grupos de ciclistas que se reúnem para pedalar principalmente nos fins de semana. Entre eles os Turma da Pedalada, Leões da Noite e Cupins de Ferro. Segundo o servidor, o uso das bicicletas em Itaúna hoje é mais voltado à prática esportiva. “Conheço várias pessoas ligadas aos grupos que promovem passeios aos finais de semana, grupos pequenos, grupos maiores, que inclusive fazem cicloturismo, viajam até para outros estados, cidades e até países”.
Servidor público Jean Teles participa de grupos de pedal em Itaúna. Fotos: Divulgação/Arquivo pessoal
CIDADE RICA EM TRILHAS Para a profissional de educação física e nutricionista Bethânia Viegas, o uso da bicicleta tem se tornado cada vez mais habitual em Itaúna, movimento observado principalmente após a pandemia de COVID-19. Atleta de mountain bike, Viegas ressalta que a prática na cidade é mais ligada ao esporte do que no uso diário. Apesar disso, Itaúna é uma cidade rica em opções de trilhas.
“Na nossa cidade temos lugares maravilhosos para poder pedalar ao ar livre. Mas (a bike) é pouco usada como meio de transporte porque a cidade não foi projetada para isso. As ruas são estreitas, é difícil usar como meio de transporte. O trânsito de Itaúna não é seguro para utilizar a bicicleta como meio de transporte porque a cidade não foi planejada para isso”, afirma Viegas.
Nesse cenário, as ciclovias e ciclofaixas são fundamentais para difundir o uso do meio de transporte sustentável. “Acho que se tivesse pelo menos faixas específicas para ciclistas, talvez fosse mais utilizada como meio de transporte. Atualmente são muitas pessoas que poderiam aderir à bicicleta e a usariam para se locomover, em vez de usar carro”, comenta.
PREFEITURA PROMETE CICLOVIA EM 2023 Por meio da assessoria de comunicação da Prefeitura, a gerente superior de Trânsito e Transportes, Cíntia Valadares, disse que a ausência de ciclovias em Itaúna se deve à falta de procedimentos técnicos anteriores ao processo de municipalização do trânsito. Por outro lado, já existe um projeto para implantação de ciclovias, que deve ser executado a partir do ano que vem.
Valadares pondera, contudo, que ainda não pode adiantar detalhes sobre a iniciativa, uma vez que os dados dependem de estudos em andamento. “Ainda não podemos divulgar imagens” diz.
A gerente de trânsito adianta que ainda no primeiro semestre de 2023 reuniões serão realizadas com grupos de ciclistas, para discutir as propostas do Poder Executivo.