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O comentário em que o vereador Lucimar Nunes Nogueira, o Lucinho de Santanense (PSB), diz “eu não tô sabendo de mulher que está sendo espancada e morta. Quem tem de saber disso é promotor, juiz e delegado. Se a mulher tá morta, não tem como a Comissão de Direitos Humanos correr atrás”, feito na reunião ordinária da Câmara Municipal de 26 de fevereiro, surtiu negativamente entre mulheres que atuam no Coletivo As Marias, movimento social em Itaúna. Na reunião extraordinária desta quinta-feira (7), o grupo utilizou a Tribuna e a Participação Popular para criticar duramente a fala do edil, presidente da Comissão da Casa.
Na semana passada outras cidadãs já haviam recorrido à Participação para denunciar situações de violência à mulher em Itaúna e a postura da Câmara Municipal, quando foram rebatidas pelo vereador.
A fala desta quinta foi aberta na Tribuna por Geisiane Lúcia da Silva, que lembrou sobre a luta para a consagração do Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira (8). A cidadã afirmou que quase todos, senão todos os vereadores de Direita, tem contribuído para a demonização dos que lutam por direitos e igualdade por Justiça e ao fazer isso, se tornam corresponsáveis pelas agressões.
“Na última reunião dessa Câmara, alguns vereadores afirmaram que a violência contra a mulher em Itaúna não é da competência nem do interesse deles”, disse. Para Geisiane, o maior esforço para o sexo é tentar diminuir, acabar com o preconceito e a desvalorização da mulher. “Mesmo com todos os avanços, as mulheres sofrem com a baixa remuneração salarial, violência quanto ao gênero e violência doméstica, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Houve uma conquista considerável, mas ainda há muito a ser considerado nessa história”, apontou, levantando a hipótese de subnotificação dos casos de silenciamento e acolhimento inadequado por parte da Delegacia de Polícia Civil na cidade.
Lucinho rebateu Geisiane dizendo que, como presidente da Comissão de Direitos Humanos, agiu em todos os casos. “Quem esteve presente comigo presenciou isso. Tudo o que chegou aqui na Comissão de Direitos Humanos foi resolvido. Não é um prazer atender esse caso. A gente não quer isso. Mulher a gente trata com flores”, explicou.
CASOS DE ABUSO EM ITAÚNA Mais tarde, a líder comunitária e frequentadora da Câmara, Daniela Maria dos Santos, utilizou a Participação Popular para falar sobre o tema Compromisso com o órgão público e entidade. Minutos depois, disse ter ficado revoltada com a fala de Lucinho. A cidadã citou ainda casos de abuso contra mulheres e crianças em Itaúna que não foram resolvidos, como uma menina de 9 anos que está largada na rua, se prostituindo, porque o pai é dependente químico, a mãe faleceu e a família não sabe como cuidar dessa criança.
“Não é tratar depois que morre acabou. Porque depois tem a família dessa vítima. Se o órgão competente que o senhor representa fizesse um trabalho sério com responsabilidade, para abraçar a causa antes de acontecer, talvez o fato não aconteceria. Não seria somente mais um corpo. Eu ia falar de outro tema, mas depois de ouvir a fala de vossa excelência, eu fiquei muito revoltada. Porque a Comissão dos Direitos Humanos é para dar um amparo, para qualquer tipo de violência. Falta compromisso. Muitas das vezes as pessoas não denunciam, principalmente as mulheres não denunciam, porque quando buscam o órgão competente, simplesmente é tratada dessa forma. A banho maria”, reclamou.
FAZER POLÍTICA Lucinho de Santanense retrucou Daniela dizendo que “hora nenhuma eu falei morreu acabou”. O vereador lembrou à cidadã que sua fala está gravada e os colegas vereadores a presenciaram. “Eu falei e repito: se tem homem batendo em mulher, tem a Delegacia da Mulher. Se tá matando tem o Dr. Paulo e o Dr. Rodrigo no Fórum que é para julgar. Que por sinal muitos bons. Eu falei com essas palavras. Hora nenhuma eu falei morreu, acabou. Falei que depois que morreu, não adianta mais procurar aqui. Eu acho que tá muito cedo para vocês fazer (sic) política. Sempre tá vindo aqui fazer política. Eu não faço política em cima disso”, concluiu.