Nova proposta do Plano Diretor flexibiliza licenciamento de terrenos nas barragens, mas limita fiscalização

Bruno Freitas
@viuitauna

Apresentada em reunião na Câmara Municipal nesta quarta-feira (27), a nova proposta da Secretaria Municipal de Regulação Urbana para a revisão do Plano Diretor, cujo prazo expirou em março, flexibiliza o licenciamento de terrenos nas barragens do Benfica e Velha, na zona rural de Itaúna. Ao mesmo tempo, especialistas ouvidos pelo @viuitauna apontam que o estudo, contratado pela Prefeitura junto à empresa D´Ávila Arquitetura, limita a fiscalização, uma vez que cada proprietário terá autonomia para fracionar sua área.

O dianóstico ambiental, voltado exclusivamente à utilização das barragens e necessário para a aprovação do novo texto, travado desde junho, após o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizar ação civil pública contra o prefeito Neider Moreira (PSD), classifica a região como área de expansão urbana, em diferentes zonas, propondo diretrizes que terão de ser regulamentadas pelo Município por leis complementares.

Além disso, dispensa a necessidade de uma metragem mínima de 1,5 mil metros ou 4,5 mil metros para os terrenos, conforme discutido anteriormente.

Um dos responsáveis pela proposta, o arquiteto e urbanista Afonso Oliveira afirma que a identificação das barragens de Itaúna não pode ser realizada de forma única, mas diversificada. O estudo incorpora o leito do Rio São João desde a Cachoeira dos Chaves, em Itatiaiuçu, até o perímetro urbano de Itaúna.

“Não acreditamos na padronização do tamanho dos lotes. As barragens tem áreas distintas, com identidades próprias, vegetações e áreas de margem específicas. Trabalhamos toda a extensão do Rio São João na região, criando uma área de entorno maior de perímetro do que a Estrada do Taboão e da MG-431. Esses setores podem ser tratados e licenciados para cada tipo de ocupação”, defende Oliveira.

Confira o comentário no quadro Ponto de Vista do jornal Cidade em Notícia:
https://www.facebook.com/TVCIDADEITAUNA/videos/567169173846006/

Neider acredita que a proposta pacifica o lobby do mercado imobiliário sobre os valores das metragens dos terrenos. Na visão do prefeito, que defendia a metragem mínima de 1,5 mil metros, a área das barragens necessida ser tratada de forma distinta e a demora na aprovação do novo Plano Diretor trava investimentos na cidade. “O estudo corrobora o pensamento que tínhamos lá trás e que nos fez contratar a empresa. Com base nisso, a Prefeitura dispõe de todos os mecanismos para encaminhar o novo texto à Câmara”.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA No entendimento do MPMG, Neider adotou medidas com o objetivo de retardar e tumultuar a Revisão do Plano Diretor – retirada por último da pauta de votação da Câmara em 19 de março, por recomendação do prefeito –, visando interesses pessoais. Neider nega.

Desenvolvimento e expansão urbana de Itaúna dependem do novo texto

PRAZO EXPIRADO Terminou em março os dez anos de validade do atual Plano Diretor, Lei 49/2008, conforme diretrizes do Estatuto da Cidade. O projeto de revisão do texto, iniciado pelo ex-prefeito Osmando Pereira (PSDB), chegou a ser colocado em votação no Poder Legislativo ainda em 2017, mas foi retirado por recomendação do MPMG.

Em 11 de junho, a Câmara rejeitou, por nove votos contra e cinco a favor, pedido de comissão processante contra Neider por interferências na aprovação da Revisão. Autora da proposta, a vereadora de oposição Otacília Barbosa (PV) e o presidente da Mesa Diretora, Alexandre Campos (MDB), não votaram.

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