Entrevista: Ener Batista, vereador eleito – “novo presídio será uma grande conquista para a cidade”

Bruno Freitas
@viuitauna

Policial do sistema prisional, Ener Batista (PSL) foi eleito vereador com 305 votos. Coordenador de projeto esportivo no bairro Morada Nova, ele defende o esporte como agente transformador na vida das pessoas, no combate à criminalidade. “Itaúna é uma cidade pequena e o índice de criminalidade é gigante. Os crimes tem sido cruéis”, alerta.

Defensor do projeto do novo presídio, avalia que a atual cadeia é antiga, sem condições de oferecer segurança e o novo complexo será uma grande conquista. Outra demanda é a implementação da Guarda Municipal, que desafogaria o trabalho da Polícia Militar.

Um dos nove novos vereadores da Câmara Municipal a partir de 1° de janeiro, Ener diz ainda que o último mandato “foi pesado” e a necessidade de mudança na Casa é aclamada por todos. “É não abrir brecha para a primeira manobra de articulação. Com a sua postura mesmo a pessoa já vai perceber que você não quer conversar nada fora das linhas retas.” Confira a entrevista ao @viuitauna:

Primeira vez que disputou uma eleição e já ganhou. Esperava este resultado?
Fui confiante a todo momento, de verdade. Trabalhei muito, não tinha recursos, nem equipe. A minha equipe era a minha família, os amigos. Gosto muito das redes sociais e utilizo bastante este mecanismo. Tive 305 votos. Este ano deu para perceber que o score de votações foi lá embaixo, de pessoas que já foram vereadores ou de popularidade expressiva, que tiveram pouquíssima votação. Antes mesmo de perceber que estava eleito, com 80% da apuração, já estava satisfeito.

A quê você atribui a queda de votação de vereadores já conhecidos?
Do modo geral caiu a votação. Até os vereadores que se dispontam, alguns conhecidos, também caíram. Acredito que por causa da pandemia, em que estamos acostumados, mas ainda com medo, e o descrédito. 26 mil pessoas não votaram (em Itaúna) e não foi só por causa da pandemia. Isso é o reflexo da falta de credibilidade. Inclusive muitos amigos falaram que só iriam votar por causa da minha pessoa. Isso é grave, a gente tem de expressar. É o momento. Quatro anos não passam rápido. Viemos de algumas gestões em que pagamos um preço.

Você mora no Morada Nova, onde coordenou um projeto de taekwondo por dez anos. O bairro está carente de políticas públicas?
Sim, não só o bairro, como a cidade com uma forma geral está carente de projetos. Os projetos esportivos, falo isso com segurança, são importantíssimos para a formação do cidadão, seja criança, adulto ou idoso. Esta atividade extracurricular vai de fato ocupar a mente da pessoa. Itaúna é uma cidade pequena e o índice de criminalidade é gigante. Os crimes tem sido cruéis. Facadas, homicídios, um atrás do outro. E as pessoas às vezes acha que é por causa de volume de drogas. Nada disso. É uma falta de bagagem, uma falta de estrutura, que tem provocado isso. O projeto social tem um grande poder de formação.

Além do esporte como agente transformador, quais são os seus outros projetos para o Poder Legislativo?
Os pilares da sociedade são saúde, segurança e educação, o básico. Na segurança os policiais fazem o seu trabalho, eu acompanho, sou policial penal. Mas todas as áreas de policiamento estão defasadas, então a polícia não dá conta de atender tudo, de solucionar tudo. E nós ficamos reféns disso. Mas a estrutura social está muito carente.

Uma das demandas do Município é a construção de um novo presídio para substituir o “cadeião” da Rua Santana. Pretende trabalhar neste objetivo?
Se não me falha a memória, atualmente, estamos em um segundo projeto desta nova unidade prisional. Agora seria um complexo penitenciário. Acho sim, fundamental, até mesmo para a segurança da cidade. Nossa cadeia é antiga, velha. Então temos de nos desdobrar na segurança para oferecer essa segurança, tanto para a sociedade, quanto para o acolhido, o preso. Eles tem guerras, inimizades, também precisam de uma proteção e nós, como agentes do estado, estamos ali para cumprir esta missão. O complexo será uma grande conquista para a cidade, um pouco mais afastado, podendo oferecer uma melhor estrutura e serviços internos. Não sei como está o andamento, até onde um vereador pode influenciar ou correr atrás, mas tenho interesse nisso.

Uma das propostas do prefeito é a Guarda Municipal, faltando, segundo ele, recursos para implementá-la. Como a avalia?
Itaúna passou da hora de ter a Guarda Municipal. Há esta narrativa dos recursos, de que entrará na folha de pagamento. Falando como leigo, a cidade tem a capacidade de ter sim. Será um serviço fundamental para a segurança. Conheço o comando da Guarda de Itatiaiuçu e sei do profissionalismo e do empenho de lá. Já entramos em contato e o comandante se dispôs a deixar o necessário para nos orientar. A Guarda vai desafogar principalmente o policiamento da PM, que faz o patrulhamento ostensivo e poderia se ocupar em outras demandas.

Sobre a Câmara, como o novo mandato pode recuperar a credibilidade da Casa?
Este último mandato foi pesado. Acompanhamos e acho que agora será mais tranquilo. Até mesmo pela exposição que (vereadores) tiveram. Os próprios reeleitos, não os conhecia pessoalmente, tem se aproximado, até mesmo para dar boas vindas, outros dando conselhos. Você vê que eles também clamam por esta mudança e a melhora na imagem da Câmara. Então acho que por si só será mesmo. É não abrir brecha para a primeira manobra de articulação. Com a sua postura mesmo a pessoa já vai perceber que você não quer conversar nada fora das linhas retas. Os vereadores estão com esta responsabilidade, da mudança da imagem. Acredito de verdade, naturalmente, que será mais tranquilo este mandato.

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