Neider defende gestão profissional para o hospital, mas alega que Prefeitura não tem orçamento imediato

@viuitauna

Com uma nova ameaça de greve de médicos por atrasos nos salários, o conselho comunitário do Hospital Manoel Gonçalves se reunirá nesta terça-feira (29). Em entrevista ao jornal S’passo, o prefeito Neider Moreira (PSD) disse que buscará autorização para contratar uma empresa especializada em gestão hospitalar, com o objetivo de administrar a instituição. Apesar de ter publicado um decreto de calamidade e contratado uma consultoria privada para fazer uma análise financeira, a Prefeitura enfrenta uma limitação orçamentária para socorrer o único hospital de Itaúna.

Segundo Neider, os aportes de “alguns milhões de reais” para a Casa de Caridade ao longo de 2022 foram decisivos para que a instituição pudesse manter o atendimento à população. No entanto, o Poder Executivo só terá orçamento disponível a partir de janeiro de 2023.

“Agora, neste final de ano, temos um problema, que é orçamentário. Tivemos uma enchente no início de 2022 e fomos obrigados a fazer investimentos para reconstrução e obras em alguns setores, que consumiram algumas dezenas de milhões. Então, temos hoje uma limitação orçamentária. Por mais que a gente queira ajudar, não temos a condição orçamentária de fazer isso neste momento”, afirma Neider.

O prefeito de Itaúna defende uma gestão profissional para assumir o Hospital Manoel Gonçalves. Neider sustenta que não tem medido esforços em encontrar o caminho para salvar a instituição e evitar o perigo de a unidade de saúde paralisar os atendimentos.

“Com uma gestão profissional que busque soluções de governança clínica, de processos e procedimentos, vamos ajudar a instituição que é tão cara para todos nós itaunenses”.

Decreto publicado no início de outubro abriu caminho para Município assumir provisoriamente a gestão do hospital. Foto: Divulgação/Hospital Manoel Gonçalves

MAIS DE R$ 120 MILHÕES EM REMANEJAMENTOS Apesar da limitação apontada pelo prefeito, o vereador Antônio de Miranda (PSC) afirmou que existe possiblidade de recursos financeiros no orçamento para socorrer a instituição, uma vez que foram aprovados remanejamentos de R$ 120 milhões somente em 2022. O presidente da Câmara Municipal, Alexandre Campos (União Brasil), reiterou que está analisando os valores do duodécimo e solicitará à Prefeitura que o conceda ao hospital.

“Se o prefeito quiser encaminhar projeto de lei para destinar dinheiro para o Hospital Manoel Gonçalves, todos os vereadores irão aprovar”, argumentou Toinzinho.

Gustavo Dornas (Patriota) e Kaio Guimarães (PSC) afirmaram que é hora de a Prefeitura parar de investir em asfalto e priorizar a situação financeira do hospital.

SAIBA MAIS:
Ex-secretário conclama sociedade para ações com urgência

Por meio de uma carta divulgada nas redes sociais, o médico cardiologista e ex-secretário Municipal de Desenvolvimento Social, Élvio Marques, conclamou a sociedade de Itaúna a se unir para evitar o fechamento da Casa de Caridade. Na carta, Marques pede conscientização sobre a grave situação e apresenta sugestões, incluindo uma coletiva de imprensa para que a população seja informada sobre as decisões que tem sido tomadas. Já no início da carta, o médico alerta: “O Hospital Manoel Gonçalves vai fechar nos próximos dias se nada for feito“. Ele informa que durante uma reunião na Casa de Caridade foi informado que a instituição está “à beira da falência” e reforça o atraso dos salários dos médicos, acrescentando que “até os funcionários que recebem salário-mínimo não têm perspectiva de receber seu décimo terceiro salário e próximo pagamento.”

LEIA A CARTA:

“O Hospital Manoel Gonçalves, vai fechar nos próximos dias se nada for feito!
Nosso único e querido Hospital de Itaúna pede socorro e está na UTI.

Saí da reunião desta semana entre médicos e o provedor extremamente angustiado, preocupado e ao mesmo tempo muito triste. Pensei comigo, algo precisa ser feito e com urgência. Naquela noite ficamos sabendo que nossa Casa de Caridade está à beira da falência, sem créditos com banco, com dívida milionária, juros mensais enormes e necessitando de imediato de R$ 5 milhões para sua folha de pagamentos entre outros compromissos.
Não existe reajuste do governo federal desde 2008, ou seja, há catorze anos a conta não fecha, ou seja, o que o único hospital de Itaúna recebe das esferas federal, estadual e municipal não cobre suas enormes despesas e para se ter uma ideia, um doente com infarto se recebe R$ 300 do SUS e se gasta R$ 3 mil. E olhe que nosso hospital não atende somente nossa cidade com mais de 100 mil habitantes, mas recebe hoje pacientes de toda redondeza e virou hospital de referência, de portas abertas sem a contrapartida adequada. Hoje, entre outras cidades, pacientes de Divinópolis, Carmo do Cajuru, Mateus Lemes, Itatiaiuçu ,Itaguara e mais uma dezena de cidades se internam no Hospital Manoel Gonçalves. Não estou aqui nesta carta, e ao mesmo tempo um desabafo e pedido de socorro, querendo descobrir culpados ou fazer papel de detetive, isso nunca! Quero sim ver nosso único e querido hospital forte, com suas dívidas saneadas, atendendo e bem como sempre esteve, nossa população! Saibam que nosso Pronto Socorro está de portas abertas para todos que dele necessitem, como sempre esteve e os colegas médicos que sofrem inclusive tentativas de agressão corporal, estão com seus vencimentos atrasados, bem como toda classe médica que atende nosso hospital sem previsão de receber; porém até os funcionários que recebem salário mínimo não têm perspectiva de receber seu décimo terceiro salário e próximo pagamento… pasmem!
Como médico da instituição há 38 anos me lembrei de outras inúmeras crises financeiras onde o hospital passou e decidir escrever e sugerir algumas várias ações das autoridades, políticos, empresários de bom coração, sociedade civil e são elas:
1 – Por parte da direção do hospital, conscientização da classe política da cidade sobre a gravidade da situação (vereadores, presidente da Câmara, vice, prefeito, secretários, ex prefeitos, deputado e ex deputados, presidentes de partidos e lideranças políticas da cidade) para fazer gestão urgente junto aos Governo Federal e Estadual, para maior e melhor remuneração ao hospital e aos novos e complexos serviços, usando nossa força política da cidade e região (prefeito, vice, deputado, ex prefeitos);
2 – Urgente ação com o Conselho Comunitário do hospital sobre a real situação e caminhos a serem tomados;
3 – Conscientização da população itaunense sobre esta situação, com coletiva de imprensa com todos os veículos de comunicação (rádio, tv, jornais, redes sociais) da cidade e região, TV Globo, e as demais;
4 – Como nossa cidade possui um número excelente de empresários bem-sucedidos e de bom coração, se reunir individualmente e com a sociedade civil organizada e expor a situação, para também receber sugestões como CDL, igrejas, OAB, Universidade de Itaúna e as demais;
5 – Convocar com urgência o Conselho Municipal de Saúde e expor ao mesmo a situação e receber sugestões;
6 – Com relação ao Governo Municipal e Câmara, um alinhamento intenso procurando saídas como repasse da Câmara em final de ano; verbas da Prefeitura que podem ser realocadas ou votadas pela Câmara em virtude do estado de calamidade que passa o hospital;
7 – Ação polêmica, mas a pensar como transferir definitivamente o Pronto Socorro para administração e total controle da Prefeitura se Itaúna, aliás a responsabilidade por este atendimento por lei não é do hospital e sim da Prefeitura; ou seja nem todo hospital precisa ter Pronto Socorro ou Pronto Atendimento;
8 – Outras ações como rifas; verbas parlamentares; mudanças no estatuto para melhores ações administrativas;
9 – Projetos sociais que envolvam Conselhos da Assistência Social da Prefeitura e hospital;
10 – Transformação de nosso hospital em Hospital Escola da Universidade de Itaúna, além da residência médica entre outros programas;
12 – Se reunirem com urgência com o Ministério Público para que tenha conhecimento da real situação financeira e do caos social que virá com o hospital fechando suas portas, e que sejam tomadas rápidas e fortes ações;
13 – Se reunirem todos os prefeitos da região que usufruem de nosso hospital, para que parcerias, ações e doações sejam efetuadas para salvar o nosso hospital.
Se nada for feito o hospital vai fechar; ele já está na UTI, ou seja no limite…
Enfim uma série de ações precisam ser tomadas e com urgência.
Mãos à obra, o primeiro passo foi dado pelo nosso querido e ilustre Manoel Gonçalves.
Não deixemos nosso hospital morrer!
A união faz a força e juntos somos mais fortes para enfrentar as adversidades.
Um desabafo e pedido de socorro.

Elvio Marques da Silva
Médico cardiologista
Itaúna, 24 de novembro de 2022″

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Previous post Mais um acidente com coletivo é registrado em Itaúna
Next post Avalanches terá inédito Drive-Thru de pizza; saiba mais!