Grupo Coteminas anuncia renegociação de dívida e desativação de duas fábricas

Enquanto trabalhadores em Itaúna cobram respostas sobre a situação da Tecidos Santanense, o Grupo Coteminas, que detém participação na companhia têxtil, anunciou em fato relevante ao mercado a conclusão de um processo de reestruturação que inclui negociações com credores e a desativação de duas fábricas. A localização das unidades não foi informada no comunicado, mas a empresa adianta que os imóveis estão disponíveis para venda ou arrendamento. Com a venda de ativos não operacionais, a controladora da Santanense afirma que reduziu o seu passivo em R$ 70 milhões e trabalha para finalizar uma auditoria prévia da alienação de outro ativo, que levará a uma redução adicional de mais R$ 30 milhões.

Com escritório comercial em Belo Horizonte e unidades industriais em Pará de Minas e Itaúna, a Tecidos Santanense tem capacidade instalada para produzir 60 milhões de metros lineares/ano, de acordo com o site da empresa. Em Itaúna, trabalhadores os estão afastados da empresa desde dezembro do ano passado e concretização da negociação com a Capricórnio Têxtil, permanece sob mistério.

No fato relevante, divulgado no início de abril pela Springs Global, multinacional que controla o conglomerado, o Grupo Coteminas justifica as dificuldades financeiras e operacionais apontando uma combinação de fatores, como redução da demanda de produtos para ao lar; aumento expressivo de custos dos insumos ocorrido durante boa parte do ano de 2022 e principalmente, aumento expressivo das taxas de juros no Brasil e no mundo, o que fez com que o seu custo de financiamento saltasse de aproximadamente 6% ao ano para mais de 18% ao ano.

Para manter a dívida sobre controle, sustenta que vem diminuindo as operações usando o capital de trabalho liberado para fazer face ao aumento do custo financeiro, contudo, reduzindo sua capacidade operacional e de geração de caixa. Além disso, aponta que finalizou o alongamento de “parte relevante de seus passivos financeiros” para cerca de oito anos, com taxas de juros mais baixas e vencimento final em 2033. Os financiamentos somam cerca de R$ 500 milhões.

“Negociações que envolvem a dação em pagamento de outros ativos não operacionais cujo valor de mercado monta cerca de R$ 100 milhões estão em andamento com possibilidade de concretização ao longo das próximas semanas”, informa no comunicado.

MODELO OPERACIONAL MAIS LEVE Após análise do mercado mundial, a administração do Grupo Coteminas entendeu que a otimização do retorno e a recuperação de sua capacidade de geração de caixa envolve “modelo operacional mais leve em ativos fixos e em capital de trabalho”, alavancando ativos intangíveis e o conhecimento dos mercados em que atua. Esse modelo, afirma, propiciará aumento da capacidade de geração de caixa livre.

“Com isso uma consolidação industrial foi implementada com a desativação de duas plantas industriais e consequentemente a disponibilização dos respectivos imóveis para venda ou arrendamento. A controlada da companhia já vinha reduzindo seu quadro de funcionários. A concretização de acordos comerciais preferenciais, com fornecedores exclusivos, com prazos de pagamentos que levam a significativa redução de capital de giro, passando o ciclo financeiro dos anteriores 180 dias para menos de 60 dias, está em fase de conclusão”, garante.

Por fim, o fato relevante informa que ainda não foi possível aferir os valores de certos ativos e passivos, principalmente os industriais, que passam a ser avaliados pelo valor de realização, seja por venda ou arrendamento.

“A companhia reafirma a confiança que tem na capacidade operacional e comercial das suas controladas, e continua analisando todas as alternativas para otimização de seu perfil de endividamento, buscando atender o melhor interesse da companhia e de todos os seus stakeholders”, acrescenta.

One thought on “Grupo Coteminas anuncia renegociação de dívida e desativação de duas fábricas

  1. Coteminas demite, não paga rescisão, salários atrasados, ex funcionário tem que entrar na justiça para tentar receber, isso leva tempo e mais prejuízo ao demitido. Assim é fácil reestruturação da empresa.

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