Opinião: Conservadores Cristãos, quem são eles?

Eliane Soares Mendes Franco*

O Movimento Conservadores Cristãos de Itaúna, teve início em agosto de 2020, a partir da iniciativa de um grupo de cristãos, leigos atuantes em suas comunidades, que, no uso de sua liberdade e baseados em seus testemunhos de vida, desejaram trabalhar para valorização da família, dos valores cristãos e do patriotismo, bem como para fortalecer as decisões políticas aderentes a essas pautas. Especialmente preocupados com a realidade de inúmeras situações indesejadas que estavam enfrentando com os filhos como o uso indiscriminado de drogas, a vivência libertina da sexualidade, a visão materialista com abandono dos princípios cristãos, dentre vários outros infortúnios, consideraram que algo precisava ser feito para que tais princípios fossem respeitados.

O conservadorismo é uma ideologia que se fundamenta na ideia de que uma sociedade equilibrada e harmônica se estabelece a partir da conservação de tudo aquilo que mantém perene uma cultura, um povo, uma história. Para os conservadores a liberdade é o princípio de manutenção do cristianismo, já que a história nos mostra que nos países onde as liberdades fundamentais não são consideradas, o cristianismo está sempre ameaçado. Por esse motivo apregoam os conservadores que a liberdades fundamentais são mais importantes que a própria vida.

O pensamento conservador é subsidiado por filósofos e autores de renome contemporâneo, como Roger Scruton, Edmund Burke e G K Chesterton, João Pereira Coutinho, Peter Keef, dentre outros que entendem ser “indispensável a preservação de ideias perenes que garantam o ponto de equilíbrio contra os excessos que corrompam a autoridade, o dever, a justiça, a religião, a ordem, a prudência, a liberdade”. Os autores conservadores se tornaram completamente desconhecidos nas universidades dos países que estiveram sob o compasso dos governos progressistas por muitas décadas, como no caso do Brasil, o que tirou dos jovens o direito de conhecerem visões diferentes sobre um mesmo tema e os mergulhou num pensamento hegemônico e acrítico. Tais universidades se incumbiram de adotar tão somente bibliografia de autores de essência socialista, o que explica o grande contingente de jovens avessos ao conservadorismo, embora nada saibam sobre o tema.

A essência do conservadorismo não são as ideias retrógadas ou ultrapassadas, como afirmam os desinformados sobre essa ideologia, mas valores eternos, como por exemplo a valorização da vida e do livre arbítrio, pilares absolutos e incontestáveis também do cristianismo. Se de um lado o conservadorismo ressalta a importância de se cuidar para que a sociedade não afunde numa visão racionalista e entregue aos princípios do estado forte da social democracia, os conservadores defendem que ao indivíduo sejam garantidos seus direitos particulares legítimos. A ideologia conservadora é absolutamente aderente ao entendimento de estado mínimo, combatendo com fervor qualquer forma de totalitarismo ou conduta arbitrária do estado em relação ao povo.

A visão conservadora é aderente ao liberalismo econômico e de mercado. Dessa forma, a meritocracia torna-se um contra ponto à dependência e letargia do indivíduo que se coloca no “colo” do estado e o responsabiliza por seus fracassos. Obviamente, o conservadorismo reclama e admite como indispensável o bom uso dos impostos, advindos do sistema capitalista de produção, para criação de uma estrutura de base econômica e social que garanta às classes pobres, possibilidade de alcançar condições mais estimuladoras de convívio e crescimento pessoal. Os conservadores entendem que o capitalismo, ainda que com inúmeras controvérsias e falhas, é o sistema que melhor tem condições de alcançar os pobres e lhes permitir direitos mínimos através do pleno emprego.

O conservadorismo cristão em si não está vinculado a nenhuma religião específica ou à ideologias partidaristas, no entanto, considerando que é através da política que são implementadas legislações e o modus operandis de uma sociedade conservadorista ou progressista, é fundamental que os cristãos assumam seu papel na política, sob pena de verem os valores em que acreditam serem desfigurados e abandonados.

Vale a ressalva de que nem todo governo de direita é conservador ou cristão. O “Bolsonarismo” tornou-se naturalmente aderente ao conservadorismo cristão, uma vez que as propostas do então presidente, são as que mantêm coerência com o pensamento conservador cristão, a exemplo do aborto, que é combatido pelos conservadores em qualquer de suas formas e condições, assim como a intervenção do estado nas liberdades individuais e o direito ao armamento. A relação direta entre abortismo e feminismo, pode ser rapidamente entendida através da autora Ana Campagnolo em seu livro “Feminismo: perversão e subversão”, e assim constatarão de que modo aborto e feminismo se tornam temas absolutamente indissociáveis, já que o segundo é caminho aberto para o primeiro.

Um tema polêmico que envolve os conservadores cristãos é o armamentismo. É preciso ressaltar que para os conservadores cristãos a concordância com a liberação de armas para o cidadão de bem, está associada exclusivamente à auto defesa e, nesse caso, o armamento será uma decisão absolutamente livre para cada cidadão que se enquadre nas exigências da lei para posse ou porte de arma, ou seja, nenhum brasileiro é obrigado a adquirir arma ainda que estejam liberadas legalmente, mas terão esse direito garantido, se assim o desejarem e se estiverem comprovadamente aptos.

A visão armamentista, representada pelo gesto de arma feito com as mãos pelos adeptos dessa ideologia, ao contrário do entendido pelos críticos do conservadorismo, não está associada ao estímulo à violência. A propósito, a ideia de arma como algo absolutamente destrutivo se consolidou a partir da legislação desarmamentista defendida pelos governos socialistas que estiveram à frente do país por décadas, embora no plebiscito de 2005, os brasileiros tenham votado em sua maioria a favor da liberação de armas. O gesto de arma é para os conservadores um símbolo da luta contra a impunidade no Brasil e um grito pela possibilidade de proteger a própria vida e dos seus.

A liberação de armas é defendida pelos conservadores cristãos com base na garantia das liberdades individuais apontada, inclusive pelo catecismo da Igreja Católica em seu número 2264: “Se alguém, para se defender, usar de violência mais do que o necessário, seu ato será ilícito. Mas, se a violência for repelida com medida, será lícito… E não é necessário para a salvação omitir este ato de comedida proteção para evitar matar o outro, porque, antes da de outrem, se está obrigado a cuidar da própria vida”.

Também assim reforça o número 2265 do catecismo da Igreja Católica sobre o papel dos policiais e autoridades da defesa civil: “A legítima defesa pode ser não somente um direito, mas um dever grave, para aquele que é responsável pela vida de outros. Preservar o bem comum da sociedade exige que o agressor seja impossibilitado de prejudicar a outrem. A este título os legítimos detentores da autoridade têm o direito de repelir pelas armas os agressores da comunidade civil pela qual são responsáveis.

Os conservadores consideram ainda que a Bíblia Sagrada apregoa a validação do uso de armas para legítima defesa em Êxodo 22: “Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue”.

A proposta armamentista assusta os menos informados que acreditam equivocadamente que bandidos serão privilegiados com tal medida. É importante lembrar que estes já se encontram fortemente armados e gerando absoluto desassossego para as famílias e pessoas de bem desse país.

Outro fator considerável sobre o armamentismo, pauta considerada indevida pelos progressistas/socialistas, é que todas as ditaduras que se estabeleceram, assim o fizeram através de legislações desarmentistas. Um povo desarmado é, incontestavelmente um povo incapaz de se defender de governos totalitários como os governos socialistas e comunistas em qualquer parte do mundo. O catecismo da Igreja Católica acentua a importância dessa auto preservação em seu número 2242: “Quando a autoridade pública, excedendo os limites da própria competência, oprimir os cidadãos, estes não se recusem às exigências objetivas do bem comum; mas é-lhes lícito, dentro dos limites definidos pela lei natural e pelo Evangelho, defender os seus próprios direitos e os dos seus concidadãos contra o abuso dessa autoridade”.

Outro elemento alegado pelos que se opõe ao conservadorismo diz respeito a relação que fazem entre conservadorismo e atraso tecnológico ou da sociedade em geral, o que de fato não traz em si nenhuma verdade. O conservadorismo não se opõe em nada à evolução e a modernidade no campo das ciências e tecnologias de modo geral. Ser conservador é lutar por uma agenda de valores eternos que não impedem, mas estimulam o crescimento da sociedade na medida em que esses valores garantem a estabilidade e a harmonia dos povos. Em seu livro “Como vencer a Guerra Cultural, um plano de batalha cristão para uma sociedade em crise”, Peter Kreeft aponta com autoridade todas as armadilhas construídas pelo progressismo, que lançaram a sociedade moderna na maior crise de identidade moral e espiritual já vivenciados. Os costumes propostos como evoluídos e modernos pelo progressismo degradaram o ocidente e têm levado à decadência muitos povos; o Brasil não está fora dessa realidade.

Diante de todo o combate atual aos princípios do Conservadorismo Cristão, este movimento ganhou forças com a adesão de inúmeros itaunenses que viram no conservadorismo a oportunidade de cuidar daquilo que consideram o mais importante: fé, pátria, família e vida. Organizaram-se, assim, em quatro equipes para fortalecerem com atitude política esses valores cristãos: Equipe de Formação Política, Equipe de Formação Cristão, Equipe de Ação Social (patriótica e humanitária) e equipe de Ação Política.

As ações previstas para as diversas equipes vão desde seminários, bibliotecas, cursos on-line, ações junto à escolas e movimentos religiosos, carreatas, apoio à entidades filantrópicas e pessoas de baixa renda, estímulo ao uso de símbolos nacionais, engajamento comunitário nos diversos bairros, atuação junto à câmara Municipal, reunião com políticos eleitos, até a preparação de candidatos alinhados às pautas do Conservadorismo Cristão para pleitos futuros.

A visão de futuro do Movimento Conservador Cristão de Itaúna é ser reconhecido e respeitado pela sociedade por sua ação formadora, patriótica, cristã, social e política no fortalecimento de um ambiente onde liberdade e ordem caminhem juntas.

Finalizando, é importante verificar que a origem do Movimento Conservadores Cristãos de Itaúna está diretamente associada à ideia de que os Cristãos precisam ocupar lugares em todas as áreas da sociedade, sendo “sal da terra e luz do mundo”, já que somente assim, os valores deixados por Cristo serão semeados e poderão germinar em uma sociedade de fato mais justa e próspera, respeitando-se de todas as formas a soberania de cada povo com sua cultura e história, em detrimento de uma visão globalista e alienante desse mundo criado pelo Deus de Abraão, de Jacó e de Elias.

*Mestre em Educação Tecnológica pelo CEFET MG

Referências bibliográficas: Chesterton, G. K. O que há de errado com o mundo. Ecclesiae, Campinas SP. 2012 Kreeft, Peter. Como vencer a guerra cultural. Um plano de batalha cristão para uma sociedade em crise. Ecclesiae, Campinas SP. 2 ed. 2020 Schooyans, Michael. O comunismo e o futuro da Igreja no Brasil. CEDET, Campinas SP. 2020 Scruton, Roger. O que é conservadorismo. 1 ed – São Paulo: É realizações. 2015

4 thoughts on “Opinião: Conservadores Cristãos, quem são eles?

  1. O pior é que pessoas de fácil manuseio fluência acaba comprando essa idiotice. Vocês que se dizem cristãos conservadores, deveriam começar lendo a Bíblia. Assim evitaria esse amontoado de sandices. Lendo a Bíblia, encontrariam nos ensinamentos de Jesus, o que vocês atribuem ao socialismo/comunismo. Jesus está vendo a manipulação de vocês, e o juízo está à porta.

    1. Muito pelo contrário, chapa. Os ensinamentos de Jesus estão LONGE do Socialismo, inclusive Jesus cita vários elementos capitalistas, como bancos, meritocracia, propriedade privada e princípios de liberdade econômica, como na parábola dos talentos. Vc que está precisando ler a Bíblia com seriedade para evitar “esse amontoado de sandices”

  2. Confesso, e devo procurar um padre para fazê-lo formalmente, nunca li a Bíblia de capa a capa. Mas comprei uns discos piratas do Cid Moreira – um pecadilho a mais para o confessionário -, e aprofundei-me naquelas caixinhas de sortear versículos e nas bulas papais tarjas pretas.

    Deste passeio todo, e de tudo o mais que aprendi no catecismo, nunca ouvi dizer que Jesus tenha ensinado a trafegar no rodoanel anal na contramão, a curetar criancinhas no útero da mãe, a subverter a realidade, a desviar dinheiro público para patrocinar tirocínios e ditadores.

    Cristo está em todo canto, já diziam os apóstolos e o Cid Moreira também falou, eu juro! Aposto que ele me vê e lê, e ficará bem orgulhoso do que eu digo. Talvez até me perdoe de antemão por minhas mazelas, independentemente da minha prometida visitinha ao confessionário.

  3. Eu não sou um estudioso da palavra de Deus a qual tenho grande temor sou evangélico e os livros que li dos evangelio Jesus fala da família casamento de homem e mulher e não homem com homem e mulher com mulher ele disse edi e multiplicai é oq vi na palavra de Deus cada um faz da vida oq quiser só estes emcinamento nós colégio a bíblia não apoia eu sou casado e tenho dois filhos e estou ao lado dos que amam a doutrina bíblica e vemos estes fundamentos na pessoa de bolsonara nao vi ate hoje pasar pelo palacio da alvorada um presidente de tamanha onestidade e de um coração quebrantdo e por este motivo é que motivo apedrejado a todo momento e isto só pode sér por sua onstidade..!!

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